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As 8 “bem-aventuranças do político”, segundo o inesquecível Cardeal Van Thuân

Cardeal Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, vítima do ódio à Igreja durante o comunismo

© DR

Vítima do ódio à Igreja, Dom François-Xavier Van Thuan passou 13 anos na cadeia durante o regime comunista no Vietnã

Dom Fernando Arêas Rifan - Reportagem local - publicado em 21/10/18

Ele sofreu longos e cruéis 13 anos de prisão sob o regime comunista do Vietnã e sabe do que fala quando diz: "Bem-aventurado o político que..."

Por ocasião do primeiro turno das eleições gerais no Brasil, dom Fernando Arêas Rifan, bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, publicou em seu blog o texto “Política e Virtudes, que, por ser válido também para o segundo turno e para quaisquer contextos eleitorais, reproduzimos a seguir.

O texto cita as “bem-aventuranças do político” a partir de reflexões do cardeal vietnamita François-XavierNguyên Van Thuân quando era presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. O cardeal Van Thuân, falecido em 2002 aos 74 anos e atualmente em processo de beatificação, se tornou amplamente conhecido e admirado na Igreja pela perseverança e espírito de fé, esperança e caridade com que encarou seus longos e brutais 13 anos de prisão sob o regime comunista que tomou o poder em seu país. No cárcere, o seu testemunho de amor a Cristo e ao próximo era tão impactante que os diretores do presídio passaram a enfrentar um problema inédito: ele não parava de converter os carcereiros.




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Eis o texto de dom Fernando Rifan:

Política e Virtudes

Ao aproximar-se o pleito de outubro, um verdadeiro duelo de “titãs” em que está se tornando essa próxima eleição, vale recordar as virtudes humanas e cristãs, tanto da parte dos políticos como dos eleitores, virtudes necessárias ao bom convívio e à vida em sociedade. Basta observar as redes sociais para ver a ausência total do respeito à opinião alheia, o ódio, a incitação à violência, a falta de humildade e modéstia, o desaparecimento da tolerância, do apreço pela verdade, o disseminar de calúnias, intrigas e suspeitas. Tudo isso se constitui no oposto às virtudes humanas e cristãs, que são a base da verdadeira civilização. Quando se trata da virtude da humildade, essencial ao cristianismo e à pacífica convivência humana, é a que menos se vê na política. O “Eu” impera. A própria opinião se torna verdade absoluta. A humildade, que consiste no esquecimento de si mesmo, na ausência de egoísmo, no desprendimento, na modéstia com relação a si próprio, é a mais ausente. A virtude da pobreza, isto é, do desprendimento, do desapego dos bens materiais e do dinheiro: sua ausência dispensa demonstração. Qual é hoje o político realmente despreocupado com o próprio bolso, que deseja trabalhar exclusivamente em benefício do seu próximo? Quem entrasse na política, que de si é um exercício de altruísmo e caridade, deveria sair do cargo que lhe foi confiado com a mesma condição financeira com que entrou. Conhece o leitor algum raro político dessa espécie? E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada, do comedimento no falar, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada? Bem, como nos aproximamos das eleições, gostaria de contribuir um pouco na escolha dos melhores candidatos, publicando algumas reflexões sobre o perfil moral do político, feitas pelo Cardeal Van Thuân, então presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. São as “bem-aventuranças do político”: 1º – Bem-aventurado o político que tem consciência do próprio papel. 2º – Bem-aventurado o político de quem se respeita a honorabilidade. 3º – Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para o próprio bem. 4º – Bem-aventurado o político que se considera fielmente coerente e respeita as promessas eleitorais. 5º – Bem-aventurado o político que constrói a unidade e, fazendo de Jesus o seu centro, a defende. 6º – Bem-aventurado o político que sabe escutar o povo antes, durante e depois das eleições. 7º – Bem-aventurado o político que não tem medo, sobretudo da verdade. 8º – Bem-aventurado o político que não tem medo da mídia, porque no momento do julgamento deverá responder somente a Deus. Você vai usar esse critério na sua escolha, ou vai votar por interesse do seu próprio bolso ou sem critério algum?! Nesse caso, você mereceria o adjetivo antônimo de bem-aventurado. Nessa disputa eleitoral, lembre-se que ofensas não constroem nada nem conquistam adversários. O respeito e a tolerância, mesmo quando não concordamos com a posição do outro, só edifica e ajuda a convencer. Às vezes é-nos necessário ser firmes, mas nunca ofensivos. Defender a verdade, mas não faltar à caridade. Ser condescendentes, sem mascarar a verdade, ser sinceros, sem perder a civilidade.

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