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Como posso me tornar doador de medula óssea e salvar uma vida?

Henrique Friedrich Neittzke transplante medula

Família Friedrich Neittzke / Divulgação

Reportagem local - publicado em 08/01/19

Na maioria dos casos, não precisa nem de anestesia - e você pode se tornar a melhor notícia da vida de milhares de pessoas à espera dessa doação!

O pequeno Henrique, de 3 anos, que você vê na foto acima, foi diagnosticado no começo de 2015 com um tipo de leucemia crônica. A família Friedrich Neittzke, de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, enfrentou com esperança e força o desafio das quimioterapias e transfusões de sangue pelas quais o menino teve que passar enquanto aguardava um doador de medula que tivesse mais de 90% de compatibilidade com a dele.

Henrique foi um dos milhares de brasileiros cuja vida passou a depender da generosidade de voluntários dispostos a lhes doar uma chance inestimável de recuperação.

O pequeno guerreiro catarinense, porém, não resistiu às complicações do seu quadro clínico e partiu desta vida no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, em outubro daquele mesmo ano. A sua história de bravura, no entanto, jamais foi esquecida pela sua cidade natal, Jaraguá, onde Henrique desencadeou uma grande corrente de solidariedade para salvá-lo.

​Desde os primeiros sintomas, em fevereiro de 2015, a família começou a luta para descobrir, primeiro, o que ele tinha, e, na sequência, para conseguir um doador de medula óssea. Ninguém da família era plenamente compatível. A busca prosseguiu em forma de campanha nas redes sociais. Finalmente, em julho, uma jovem da Alemanha, 100% compatível, pôde oferecer a Henrique a tão almejada doação.

O transplante foi realizado em 20 de outubro, em Curitiba, mas a batalha de Henrique ainda não estava terminada: ele precisou enfrentar mais um tratamento, agora para combatar um problema identificado no fígado e no baço. O medicamento, importado, custava R$ 60 mil: como ele não era oferecido pelo SUS nem pelo plano de saúde da família, foi lançada mais uma campanha de ajuda nas redes sociais para custear as novas despesas. Um amigo da família chegou a emprestar o dinheiro para que o tratamento não tardasse. Entretanto, as complicações pioraram o estado de saúde de Henrique antes que o novo tratamento pudesse progredir.

​Apesar das injeções, da quimioterapia e das tantas internações, o pequeno grande guerreiro nunca perdeu a alegria. Foi justamente assim, aliás, que o pai dele, Dalvo, resumiu o perfil de Henrique:

“Ele foi um grande guerreiro”.

Você pode salvar outras vidas

Ajudar a salvar vidas envolve urgências e, portanto, todo tempo disponível é muito precioso. Quanto mais rápido for possível conseguir o doador compatível, muito maiores são as chances de recuperação.

Há várias boas notícias no meio deste cenário de lutas, lágrimas e esperanças. Uma delas é que doar medula é muito mais fácil do que muita gente imagina!

Os passos para doar medula óssea são simples e indolores. Pessoas de 18 a 55 anos, em bom estado de saúde, sem doenças infecciosas ou incapacitantes, podem se voluntariar no Brasil como doadoras de medula óssea cadastrando-se no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Mas atenção: você não poderá “escolher” para quem irá a sua medula. Além da necessidade de compatibilidade, há critérios de urgência que precisam ser respeitados.

O que é a medula?

Existem dois tipos de medula: a espinhal e a óssea. A medula espinhal tem por função transmitir impulsos nervosos. Por sua vez, a medula óssea, que é encontrada no interior dos ossos, é a responsável pela produção de sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas). É a medula óssea que é doada e usada nos transplantes de medula.

O que é o transplante de medula óssea?

É a substituição de uma medula doente por uma sadia com a finalidade de recuperar sua função. Este procedimento é a única esperança de cura para milhares de pessoas. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de 1 em 100 mil. Por isso, é muito importante um número elevado de voluntários cadastrados para aumentar a possibilidade de se encontrar um doador compatível.

Quem precisa do transplante de medula?

O transplante de medula óssea é indicado em casos de doenças do sangue como a anemia aplástica grave, outras anemias adquiridas ou congênitas e na maioria dos tipos de leucemias (câncer de sangue), como a mieloide aguda, a mieloide crônica e a linfoide aguda. O procedimento pode ser indicado ainda para o tratamento de um conjunto de cerca de 80 doenças.

Eu posso ser um doador de medula óssea?

• É preciso ter entre 18 e 55 anos completos e estar saudável; • Consulte as doenças impeditivas no site redome.inca.gov.br; • Se não houver impedimentos prévios, vá até o hemocentro mais próximo e diga que quer ser doador de medula óssea.

Como será feito o meu cadastro como doador?

• Leve com você ao hemocentro um documento válido e com foto. • Você vai preencher uma ficha com informações pessoais e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido. • Em seguida, será retirada uma pequena amostra do seu sangue (5 ml) para o exame de histocompatibilidade (HLA), que identificará as suas características genéticas como doador. • A classificação da sua medula será cadastrada no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). • A partir de então, as informações passam a ser constantemente cruzadas com as de quem precisa de transplante. Você receberá uma carteira de doador com selo do Redome.

Como vou ser avisado em caso de poder mesmo doar minha medula?

• Toda vez que alguém precisa de um transplante de medula, é verificada no banco de dados a compatibilidade entre a sua medula e a do paciente necessitado. • Se a sua medula for compatível, você será avisado e passará por alguns outros exames. Por isso é importante que os seus dados de endereço, telefones e outras informações estejam sempre atualizados no Redome. • Após os exames, se for confirmada a compatibilidade, você passará por uma nova consulta para certificar se realmente deseja fazer a doação.

Como é feita a doação de medula?

Existem duas formas de doar: quem escolhe o procedimento mais adequado é o médico. 1. Em grande parte dos casos, o doador deve tomar durante 5 dias um medicamento que faz com que as células da medula óssea sejam levadas para a corrente sanguínea. Após este período, é feita a coleta do sangue e a separação das células-tronco. O sangue é colhido pelas veias do braço, com uso da máquina de aférese. É um procedimento simples, sem necessidade de internação e nem sequer de anestesia. 2. A outra forma é feita em centro cirúrgico e requer anestesia peridural ou geral, além de internação por 24 horas. Neste procedimento, a medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, com duração de 90 minutos. Nos primeiros três dias pode haver algum desconforto localizado, de leve a moderado, amenizado com o uso de analgésicos e outras medidas simples. Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Não há exigências particulares quanto a mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação.

Lembre-se: a sua doação pode significar o fim de uma longa e dolorosa espera – e a salvação de uma vida!

Mais informações:

REDOME – Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea
Rua dos Inválidos, 212, 8º andar – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 2505 5656
Email: redome@inca.gov.br
Site: http://redome.inca.gov.br

Tags:
CâncerCaridadeDoençaSaúde
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