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Asia Bibi finalmente livre: cristã que viveu 10 anos de calvário está a salvo no Canadá

Asia Bibi

Reprodução

Reportagem local - publicado em 08/05/19

Esposa, cristã, mãe de 5 filhos, ela foi acusada injustamente de "blasfêmia contra o islã" e só escapou do enforcamento graças à mobilização internacional

Após um calvário de dez anos, a mãe de família paquistanesa Asia Bibi finalmente conseguiu chegar ao Canadá nesta terça-feira, 7 de maio, onde foi recebida pelos filhos e pelo marido. O estado de saúde dela é delicado e exige tratamento médico.

Uma saga de dor e fé

Asia Bibi é cristã, casada e mãe de 5 filhos. Ela foi presa e condenada à forca porque, em 2009, tomou água de um poço e foi acusada por vizinhas muçulmanas de “contaminar a água” por ser cristã. Diante da ofensa pessoal e à sua fé, Asia Bibi reagiu questionando:

“Eu acredito na minha religião e em Jesus Cristo, que morreu na cruz pelos pecados da humanidade. O que seu profeta Maomé fez para salvar a humanidade?”

Acusada por isso de blasfêmia contra o islã, ela viveu um aberrante calvário que despertou a indignação mundial. Entidades cristãs internacionais, em particular a católica Ajuda à Igreja que Sofre, comandaram uma intensa mobilização para salvar da morte a mulher tão arbitrariamente acusada e condenada.

Asia Bibi
Asia Bibi © YouTube
Asia Bibi

A lei antiblasfêmia do Paquistão

Baseada na sharia, que é o rígido arcabouço legislativo islâmico, a lei paquistanesa da blasfêmia prevê punições rigorosas a qualquer pessoa que insulte Alá, o islã, o alcorão, Maomé e outras personalidades da fé muçulmana. As sentenças podem incluir de chibatadas até a pena de morte. Essa lei costuma ser manipulada para atender a interesses pessoais, o que inclui vinganças de todo tipo, inclusive de muçulmanos contra outros muçulmanos. É frequente que a minoria cristã no Paquistão seja alvo de acusações de blasfêmia contra as quais é quase impossível defender-se. Os abusos são facilitados porque até testemunhos sem provas são aceitos pelos tribunais.

Um processo no inferno

Asia Bibi foi jogada na prisão em 14 de junho de 2009. Um ano depois, foi condenada à morte pela acusação de blasfêmia. Desde 2013, após duas transferências de presídio, ela passou a fenecer em uma das três celas sem janelas do corredor da morte de Multan, no Punjab.

Em 2014, o Supremo Tribunal do Paquistão adiou o julgamento de um recurso porque 150 especialistas na “lei islâmica”, os muftis, simplesmente ameaçaram de morte qualquer um que viesse a ajudar os “blasfemos” do país. A partir daí, o caso parou no tempo. Em 30 de agosto de 2017, Asia Bibi completou 3.000 dias de encarceramento. Somente em abril de 2018 é que o presidente do Tribunal Supremo do Paquistão, Mian Saqib Nisar, anunciou que retomaria o julgamento que poderia definir a libertação de Asia Bibi. Ainda foi necessário esperar até 30 de outubro para que esse dia chegasse.

Amplo apoio cristão e humanitário

Milhões de cristãos de todo o planeta se mobilizaram ao longo destes anos para salvar Asia Bibi e dezenas de outras pessoas aprisionadas e condenadas simplesmente por causa da própria fé em diferentes países.

POPE FRANCIS ASIA BIBI
ServizioFotograficoOR/CPP/CIRIC

Em 22 de fevereiro de 2018, a filha caçula e o esposo de Asia Bibi foram recebidos pelo Papa Francisco. Eles participaram no Vaticano de um encontro em favor dos cristãos perseguidos no mundo, organizado pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, pela sigla em inglês adotada como padrão internacional). A ACN é uma das entidades que mais se destacam na ação objetiva em prol dos cristãos perseguidos.

Por ocasião daquele encontro, o Coliseu de Roma foi iluminado de vermelho para recordar o sangue dos mártires cristãos em todo o planeta. Foram iluminadas também a catedral maronita de Santo Elias, em Aleppo, na Síria, e a igreja de São Paulo em Mossul, no Iraque, outros países brutalmente martirizados em nossa época.

Do horror do cativeiro, uma pungente oração a Jesus Cristo

Ao longo dos seus muito mais de 3.000 dias de encarceramento à sombra da morte, porém, Asia Bibi não parou de rezar nem de pedir orações.

A cristã que se tornou ícone para todos os que lutam no Paquistão e no mundo contra a violência em nome da religião compôs em 2017 uma oração por ocasião da Páscoa. Esta prece passou a acompanhá-la como sustento vital em seu cativeiro:

Senhor Ressuscitado, permite que a tua filha Asia ressuscite contigo.Rompe as minhas correntes, liberta o meu coração para além destas barras e acompanha a minha alma, para estar perto das pessoas que eu amo e sempre perto de ti.Não me abandones no dia do tormento, não me prives da tua presença. Tu, que sofreste a tortura e a cruz, alivia o meu sofrimento. Sustenta-me perto de ti, Senhor Jesus.No dia da tua ressurreição, Jesus, eu quero orar pelos meus inimigos, por aqueles que me feriram. Rezo por eles e te peço que os perdoes pelo mal que me fizeram.Peço-te, Senhor, que retires todas as barreiras, para que eu alcance a bênção da liberdade. Peço-te proteção para mim e para a minha família.
Esham Masih Asia Bibi
Antoine Mekary | ALETEIA | I.Media

Tags:
CristianismoMuçulmanosPerseguição
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