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Por que você deve aceitar quando se sente mal

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María del Castillo - publicado em 14/05/20

Tentar evitar a dor e buscar prazer o tempo todo não fará com que você se sinta melhor

Nossa cultura atual de bem-estar tornou norma a busca incessante do prazer. Muitas pessoas na sociedade desenvolveram quase uma obsessão em evitar a dor a todo custo e de todas as formas.

Não é apenas que não queremos sofrer; não queremos fazer nada que nos custe esforço, sacrifício ou renúncia.

Foi-nos vendida uma ideia de liberdade que nos faz pensar que escolher uma coisa limita você, porque significa que você renuncia a todas as outras opções.

Em um mundo focado em apenas experimentar emoções positivas, o custo de evitar sentir dor ou desistir de coisas é muito alto, mas poucas pessoas falam sobre isso.

Em muitas áreas da vida, há esta mensagem oculta: “Você precisa se sentir bem, não importa o quê.”

Diante de tal demanda, sem perceber, podemos acabar nos culpando quando estamos tendo um mau momento.

Podemos cair em autocrítica apenas porque estamos passando por uma situação dolorosa, difícil ou que simplesmente exige esforço.

Mas existem coisas que valem a pena não apenas “apesar dos” grandes sacrifícios envolvidos, mas “por causa” deles.

Um exemplo óbvio é a paternidade e a maternidade. Esses são os alicerces de nossos relacionamentos pessoais na infância e são a fonte básica de amor na sociedade; ao mesmo tempo, eles vêm com grande autossacrifício.

Muitos podem testemunhar que ser pai ou mãe é a melhor coisa que já lhes aconteceu, o que mostra que o sofrimento é compatível e até necessário para amar mais e melhor.

Gerenciando emoções ou simplesmente passando por elas?

Depois que dissipamos o mito de que “a melhor opção é evitar a dor”, podemos entender melhor a importância de “processar” emoções negativas, em vez de simplesmente combatê-las para fazê-las desaparecer o mais rápido possível.

Às vezes, as pessoas podem desenvolver vícios de humor – sempre em troca de algum benefício oculto.

Assim, alguns se tornam viciados em demonstrar tristeza constante, porque recebem a atenção e a compaixão das pessoas ao seu redor.

Outros, por outro lado, sentem-se obrigados a se mostrarem sempre felizes e engraçados, porque precisam receber aplausos e risos de aprovação daqueles que os cercam.

Na maioria das vezes, porém, passamos por momentos de tristeza, raiva ou frustração, enquanto geralmente buscamos ser serenos e alegres.

Mas isso é possível em situações complicadas como esta, onde vivemos confinados por causa de uma pandemia mundial? Sempre temos que sorrir, apesar de sentir ansiedade, angústia ou medo?

A resposta é bastante clara: não.

Às vezes, precisamos reconhecer nosso direito de nos sentir mal – não porque gostamos de sofrer, mas porque podemos aprender muito mais quando nos permitimos nos sentir entediados, tristes e até com medo.

Obviamente, esse crescimento pessoal ocorre quando fazemos um esforço para entender por que estamos nos sentindo assim. Precisamos reconhecer e aceitar nossas emoções, a fim de passar por elas e viver mais uma vez com um sentimento de satisfação.

O que fazer com as emoções

Acontece que todos os nossos sentimentos, negativos ou positivos, podem ser poderosos catalisadores para o bem de nossas vidas:

  • O tédio leva a grandes idéias
  • O sacrifício traz grandes benefícios
  • A tristeza nos traz grande aprendizado e empatia pelos outros
  • A raiva justa e bem canalizada traz grande motivação para fazer o bem
  • Sentimentos de injustiça motivam grandes iniciativas e projetos de reconstrução social

Quem realiza grandes coisas não tenta se sentir bem o tempo todo nem nega seus sentimentos negativos.

Tais pessoas não ignoram seu desconforto, afogando-o em distrações. Em vez disso, elas se permitiram reconhecer e aceitar seus sentimentos, e os acompanharam com reflexão e desejo de crescimento.

Durante esses dias de confinamento, muitos de nós estão experimentando emoções negativas. O melhor caminho é reconhecê-las e aceitá-las, para que possamos passar por elas e canalizá-las para o crescimento.

Isso se aplica não apenas aos nossos próprios sentimentos ruins, mas também às pessoas que vivem conosco.

Respeite um adolescente que precisa se isolar em seu quarto. Entenda que seu marido ou esposa podem querer “fugir” um pouco vendo TV por um tempo.

Ao mesmo tempo, respeite a realidade de que em alguns dias você está com um humor pior do que em outros dias.

Deixe as pessoas ao seu redor saberem o que você precisa e permita-se sentir dessa maneira.

Essa experiência de liberdade emocional interna o ajudará a superar dias e momentos difíceis melhor do que você pensa.

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