Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 26 Abril |
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

150 intelectuais do mundo se unem em prol do diálogo

web authority finger man ©XiXinXing

© XiXinXing/Shutterstock

Octavio Messias - publicado em 08/07/20

Noam Chomsky, Salman Rushdie, Margaret Atwood, entre outros, assinam manifesto que pede o fim da cultura de cancelamento

“Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”, escreveu o iluminista Voltaire no século XVIII.

Desde 2015, quando ocorreu o ataque terrorista contra a redação da revista Charlie Hebdo, em Paris, como uma tentativa de silenciar as críticas que a publicação fazia ao islamismo, a frase do filósofo francês vem circulando regularmente por meio de memes. No entanto, tanta gente parece ainda não ter entendido a mensagem.

O campo progressista, vem ganhando espaço com diversas lutas válidas e necessárias contra o machismo, o racismo e qualquer tipo de discriminação, na busca por direitos iguais. No entanto, nota-se que de uns tempos para cá uma parcela de líderes, técnicos ou influenciadores nessa frente que busca a luz e o esclarecimento vem contribuindo com a chamada cultura do cancelamento. 

Como isso funciona? Se eu fiz um post infeliz, falei sem pensar ou discordei conscientemente de algum desses valores progressistas, imediatamente sou perseguido nas redes sociais, perco amigos e posso até perder o emprego ou uma vaga na universidade. Por um tempo essa estratégia pareceu funcionar, os movimentos ganharam visibilidade e muitas mudanças, de fato, foram conquistadas. 

Mas têm-se percebido extremismo justamente de uma ala dessa frente, que tem perdido a mão nas retaliações e contribuindo muito pouco com que mudanças sejam feitas. Afinal, se eu sou afrontado de maneira tão invasiva, sem espaço para o diálogo e para a reflexão, minha reação será justamente oposta a esse movimento, o que fará com que eu não absorva nada do que ele tem a me dizer ou a me ensinar. 

Com o intuito de alertar quanto a esse fenômeno, mais de 150 intelectuais progressistas, como o sociólogo e linguista Noam Chomsky e os escritores Salman Rushdie e Margaret Atwood, uniram-se em um manifesto que reivindica o direito de discordar nos Estados Unidos.

Eles assinaram uma carta aberta, publicada ontem no site da revista Harper’s (https://harpers.org/a-letter-on-justice-and-open-debate/), na qual denunciam a onda crescente de intolerância por parte do ativismo progressista norte-americano. 

Segundo eles, tais reações empobrecem o diálogo.

“Devemos preservar a possibilidade de discordar de boa fé”, dizem em uma passagem da carta. Em outra, alertam sobre como isso está afetando o meio acadêmico e cultural, gerando demissões, boicotes e punições que consideram desproporcionais. “Não se pode permitir que a resistência imponha seu próprio estilo de dogma e coerção”, avaliam. 

Em prol da luz, do progresso e, por que não, de Voltaire.

Tags:
DiálogoPolítica
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia