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O comunismo e o conceito de verdade

HILL OF CROSSES

Sergio Morchon | CC BY-NC-ND 2.0

Vanderlei de Lima - publicado em 12/07/20

Não há, pois, alguém que possa ser católico e comunista ao mesmo tempo. Faz-se imprescindível abraçar, firmemente, a única Verdade: Cristo

Este artigo apresenta o conceito clássico de verdade e o opõe à definição dada a ela pelos comunistas, uma vez que estes seduziram (e seduzem) a não poucos católicos.

A Filosofia clássica define como verdade lógica “a conformidade da inteligência com seu objeto” (R. Jolivet. Vocabulário de Filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1975). Se a inteligência humana capta, por meio dos olhos, que determinada bandeira é vermelha e, de fato, é, em si mesma, vermelha, estamos diante de uma verdade lógica: há aí uma evidência intrínseca, ou seja, o contrário é impossível. Daí também a Igreja valorizar a razão humana como capaz de demonstrar naturalmente a existência de Deus, inclusive sem o auxílio da graça divina sobrenatural (cf. Rm 1,20; Concílio Vaticano I. Dei Filius, 1870, cap. II-IV; Antonio Royo Marín, O.P. A fé da Igreja: em que deve crer o cristão de hoje. 2ª ed. Campinas: Ecclesiae, 2018, p. 127-129).

Pois bem. Os comunistas, em contrário, têm por verdade dogmática – eis a contradição! – que o conceito de verdade é relativo, ou seja, será verdade o que serve aos interesses da “causa marxista” ou do partido comunista naquela circunstância concreta, mesmo que tal afirmação seja falsa.

Daí Dom Estêvão Bettencourt, OSB, afirmar: “o mundo marxista é o reino das meias-verdades que se transformam em dogmas. Dogmas em que os cidadãos devem crer hoje e que amanhã serão negados” (Curso de Doutrina Social da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1992, p. 172).

E por que é assim? – perguntará o (a) leitor(a) atento(a). Responde-nos Jean Lacroix que isso se dá porque para Karl Marx “a verdade não é nem natural, nem metafísica, e sim política, no sentido mais forte da palavra, isto é, fundida pela história” (Posições do ateísmo contemporâneo. São Paulo: Herder, 1965, p. 37).

Tem-se, portanto, a mais aberta manipulação do conceito clássico de verdade em favor do comunismo, conforme anota Julio Loredo de Izcue: “De acordo com Marx, a verdade é a eficácia da práxis revolucionária” (Teologia da Libertação: um salva-vidas de chumbo para os pobres. São Paulo: Artpress, 2016, p. 295). Assim, “o critério da verdade torna-se a eficácia real da ação revolucionária. Qualquer coisa que contribua para o processo revolucionário será verdadeira e boa, qualquer coisa que lhe crie obstáculo será falsa e má” (idem, p. 296). 

Percebe-se, desse modo, porque a morte de um criminoso (“vítima da sociedade”, na linguagem revolucionária) em confronto com a Polícia gera protestos, mas a de um policial não gera: o bandido, tido por oprimido, serve de pretexto à luta de classes, já o policial, rotulado como opressor, não serve.

Vê-se, assim, que a luta marxista não é pela dignidade humana (caso fosse, todos os seres humanos – criminosos ou policiais – lhe interessaria), mas apenas pela tomada do poder. A “vítima da sociedade” é, no caso, mera massa de manobra dos defensores da ditadura vermelha.

Pois bem, o conceito comunista de verdade seduziu alguns católicos, de modo que estes analisam os fenômenos sociais – sobretudo a pobreza – não à luz da Doutrina Social da Igreja, fundada na Revelação Divina, mas, sim, sob a ótica marxista.

Ora, sobre tal perigo de mesclagem já advertiu o Papa Leão XIII: “Ainda que os socialistas, abusando do próprio Evangelho, a fim de enganarem mais facilmente os espíritos incautos, tenham adotado o costume de torcerem em proveito da sua opinião, entretanto a divergência entre as suas doutrinas depravadas e a puríssima doutrina de Cristo é tamanha, que maior não podia ser. Pois ‘que pode haver de comum entre a justiça e a iniquidade? Ou que união entre a luz e as trevas?’ (2Cor 6,14)” (Quod Apostolici Muneris, de 28/12/1878).

Apesar dessa advertência, católicos se iludiram e beneficiaram o comunismo. Daí, Santiago Carrillo, então secretário-geral do Partido Comunista espanhol, declarar: “Desde que começamos esta política [de seduzir católicos – nota nossa], quantos camaradas vocês conhecem que se tenham tornado religiosos? Em compensação, quantos católicos se tornaram comunistas?” (Mañana España. Col. Ebro. Paris, 1975, p. 25, 203, 232).

Não há, pois, alguém que possa ser católico e comunista ao mesmo tempo. Faz-se imprescindível abraçar, firmemente, a única Verdade: Cristo (cf. Jo 14,6).

Tags:
comunismoIdeologiaPolítica
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