Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 26 Abril |
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Cristão é assassinado porque se mudou para bairro de maioria muçulmana

cristianos pakistan

© NARINDER NANU / AFP

Reportagem local - publicado em 17/08/20

Nadim Joseph, pai de família, foi assassinado simplesmente por ser cristão

O pai de família Nadim Joseph foi assassinado em junho deste ano porque, sendo cristão, tinha acabado de comprar uma casa num bairro muçulmano de Pexauar, antiquíssima cidade do Paquistão, onde morava com a esposa, dois filhos e a sogra.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, pela sigla em inglês adotada internacionalmente) conversou com Qamar Rafiq, amigo da família, que declarou:

“É terrível. Conheço a família de Nadim porque é uma das que sobreviveram ao ataque terrorista à Igreja de Todos os Santos em 2013, onde morreram outros membros da família. Este novo ataque à família de Nadim destaca o risco vivido pelos cristãos no Paquistão e a facilidade com que eles podem ser atacados”.

Segundo Rafiq, Nadim tinha comprado a casa em maio. Desde os primeiros dias, a família começou a ser alvo de insistentes hostilidades e ameaças abertas por parte do vizinho Salman K., muçulmano que dizia que o bairro não era “para cristãos imundos”. Rafiq prossegue:

“Em 4 de junho, Salman e seus filhos ameaçaram a família de Nadim mais uma vez e lhes deram 24 horas para sair do bairro ou enfrentar as graves consequências de terem ido morar num bairro muçulmano”.

Um país em que a lei facilita os abusos contra os cristãos

Nadim chegou a informar a polícia sobre as ameaças, mas é mínima a efetividade das autoridades paquistanesas no tocante a proteger os cidadãos cristãos do país, que é formalmente islâmico. As minorias religiosas estão continuamente à mercê de fanáticos muçulmanos. Os abusos são facilitados pela legislação paquistanesa, em particular pela assim chamada “lei antiblasfêmia”, que pune quem é acusado de insultar Maomé, o alcorão ou o islã, ainda que não haja provas – basta o testemunho de um muçulmano. As sentenças, frequentemente impostas em julgamentos vergonhosamente parciais, incluem a pena de morte.

Mais de 1.500 pessoas foram acusadas ​​de blasfêmia entre 1987 e 2017 e ao menos 75 delas foram executadas. O caso mais famoso de aplicação dessa lei foi o da mãe de família Asia Bibi, falsamente acusada de blasfêmia em 2009 e condenada ao enforcamento. Ela passou quase dez anos na cadeia até sua sentença ser revogada em 2018, após anos de intensa pressão internacional. Ela só conseguiu deixar o Paquistão em maio de 2019 e hoje vive no exílio no Canadá.

Há frequentes relatos de casamentos forçados em que meninas cristãs são praticamente raptadas por muçulmanos mais velhos, além de casos de espancamentos e linchamentos de cristãos por serem cristãos. A perseguição é tamanha que até os advogados dos cristãos são vítimas de ameaças por defendê-los judicialmente. É frequente que os juízes, por medo, condenem cristãos com base em alegações que jamais seriam aceitas como provas em países democráticos.

O covarde assassinato de Nadim

Nadim Joseph e dois parentes foram alvejados a tiros por Salman K. e seus familiares. Segundo o relato de Rafiq, os vizinhos fecharam suas portas depois de escutarem os disparos e ninguém foi ajudar os feridos. Nadim passou por várias cirurgias no Hospital Lady Reading, mas morreu em 29 de junho, dia de São Pedro e São Paulo.

A covarde omissão das autoridades

O presidente da Conferência dos Bispos Católicos do Paquistão, dom Joseph Arshad, emitiu comunicado pedindo mais ação das autoridades policiais para prender o assassino de Nadim e proteger sua família, que permanece em perigo.

“Este caso é uma clara violação dos direitos humanos e não pode ficar impune”.

Joel Amir Sahotra, representante da comunidade cristã no Paquistão, também fez declarações à fundação ACN:

“A discriminação religiosa contra as minorias é infelizmente muito comum no Paquistão. As pessoas não querem alugar propriedades para os não-muçulmanos. Eles até dizem abertamente que os não-muçulmanos não podem entrar lá. Parece a idade da pedra. Que tipo de mentalidade é essa? Eu realmente não tenho resposta. Não sei se as pessoas no Ocidente conseguem entender esta situação tão difícil que enfrentamos aqui por causa da religião”.

Não, Joel, certamente não entendem. Pelo menos não as autoridades à frente de organismos internacionais supostamente engajados com os direitos humanos, dada a sua priorização a panfletarismos ideológicos enquanto prossegue impunemente o extermínio de cristãos embaixo dos seus empinados narizes.


Perseguição aos cristãos

Leia também:
260 milhões de cristãos, ou 1 em cada 8, sofreram perseguição em 2019


Les actes terroristes sont presque quotidiens au Nigeria

Leia também:
Bispo nigeriano: “Estão matando cristãos como frangos”




Leia também:
Com cristãos confinados, governo da China continuou destruindo igrejas e cruzes


Asia Bibi

Leia também:
9 anos no inferno à espera do enforcamento pelo crime de ser católica

Tags:
IdeologiaMuçulmanosPerseguição
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia