Quando você pensa em uma estátua inesquecível de Michelangelo, a Pietà pode vir à mente. Mas a Madona de Bruges é provavelmente a obra do mestre italiano com a história mais interessante. Criada em 1503, a estátua foi transportada para Bruges, na Bélgica, pelo comerciante Alexander Mouscron, que costumava visitar Florença a negócios.
Ela é diferente de outras obras de Michelangelo que apresentam os dois personagens principais da Virgem Maria e do Menino Jesus. Em suas outras peças, Michelangelo representou a Virgem como uma figura piedosa sorrindo para seu bebê. Aqui, Maria é representada numa pose pensativa, olhando para o chão, enquanto o Menino Jesus parece mover-se para fora, em direção ao mundo.
Os críticos acham que esse arranjo pode ter a ver com o fato de que Maria conhecia o destino que aguardava seu filho, pois ela estava segurando as Escrituras em sua mão esquerda. Ambas as figuras apresentam uma forma elíptica que contribui para a sensação geral de monumentalidade da obra.
Mouscron manteve a estátua em sua capela homônima por anos, onde teria sido admirada pelo artista flamengo Durer. Mas o destino da estátua sofreu uma reviravolta inesperada durante a Revolução Francesa. Em 1794, os revolucionários franceses tomaram o controle da Bruges, então domínio dos austríacos, e levaram a estátua para Paris.
Somente após o fim da era napoleônica, em 1816, a escultura foi devolvida ao seu local original. No entanto, ela não permaneceu lá por muito tempo.
Em 1944, a escultura foi levada pelas tropas nazistas que fugiam de Bruges após a chegada de tropas americanas a esta parte da Europa. Junto com a estátua, os nazistas levaram outras pinturas da era renascentista. A preciosa carga foi supostamente embrulhada em colchões e transportada por um caminhão da Cruz Vermelha pela fronteira.