Flip 2020 acontece em formato virtual

Programação inclui mesas com Jonathan Safran Foer, Pilar Quintana e Bernardine Evaristo

A 18ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty precisou ser adiada e reformulada por conta da pandemia do novo coronavírus. Originalmente marcada para julho, a Flip 2020 agora acontece entre os dias 3 e 6 de dezembro. E, como quase toda atividade cultural em tempos de distanciamento social, a programação, gratuita, será através de telas pelas redes sociais e pelo próprio site da Flip.

Destaques

O elenco de atrações inclui atrações internacionais, como Jonathan Safran Foer, escritor norte-americano, conhecido pelo romance Tudo se Ilumina (2002), que deve falar a respeito do seu primeiro livro de não-ficção, Comer Animais (2009), na mesa “Florestas Vivas”, com a poeta brasileira indígena Marcia Kambeba. Uma das principais escritoras colombianas contemporâneas, Pilar Quintana, autora do recente A Cachorra (anunciado na lista estendida do prestigioso National Book Award),participa da mesa “Animais Abatidos”, com a romancista carioca Ana Paula Maia. A inglesa Bernardine Evaristo, que participa da mesa de abertura, tornou-se no ano passado a primeira autora negra a vencer o Booker Prize com Garota, Mulher, Outras, romance que acaba de sair no Brasil.

Programação mais enxuta

Pelo seu formato online, a programação da Flip foi reduzida de 21 para 12 mesas, em comparação com o ano passado. De maneira geral, a festa parece dá mais foco a autores que abordam problemas sociais, como racismo, discriminação, devastação da natureza etc. O nigeriano Chigozie Abioma participa da mesa Ancestralidades, com o brasileiro Itamar Vieira Júnior. Caetano Veloso, que acaba de lançar o livro Narciso em Férias, divide a mesa “Transições” com o filósofo espanhol Paul B. Preciado. A última mesa da programação será sobre slam, gênero poético derivado da música rap – cheio de rimas e improviso –, que costumava ocupar a programação paralela da festa. Participam Nathalia Leal e Luz Ribeiro.

Autor homenageado

Em seu novo formato, pela primeira vez a Flip não terá um autor homenageado. Antes da pandemia, enquanto se esperava uma edição presencial a homenageada seria a poeta norte-americana Elizabeth Bishop, decisão que gerou polêmica na época em que foi anunciada. “Entendemos que este ano a pandemia causou a morte de artistas imprescindíveis à nossa cultura, como o escritor Sergio Sant’Anna, o compositor e letrista Aldir Blanc, o artista plástico Abraham Palatnik e a regente Naomi Munakata, entre muitos outros. Portanto, este não é um momento de celebração. Assim, não teremos um autor específico em destaque, iremos homenagear coletivamente os que partiram”, explica Liz Calder, presidente do conselho da Flip.