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Twitter manteve pornografia infantil dizendo que ela não violava suas “políticas”

Hábito pecaminoso da pornografia

Stenko Vlad | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 25/01/21

Adolescente de 13 anos, vítima de pedófilos, precisou recorrer à Justiça para que o Twitter excluísse vídeos e fotos dos abusos sexuais

Twitter manteve pornografia infantil dizendo que ela não violava suas “políticas”: o caso, indignante, é relatado em um processo judicial aberto na semana passada nos Estados Unidos contra a empresa. Segundo o processo, a plataforma se recusou a excluir imagens e vídeos de um adolescente que tinha sido vítima de tráfico sexual, mesmo quando tais cenas tiveram extenso compartilhamento na rede social e a própria vítima já havia solicitado reiteradas vezes que a empresa tomasse providências para excluí-las.

A empresa chegou a responder à vítima que “não encontrou violação” das suas “políticas” a respeito e que, por isso, não iria excluir o material. As informações são do New York Post, com base no processo judicial aberto no Distrito Norte da Califórnia neste último dia 20 de janeiro. Os autores do processo são a própria vítima e sua mãe, apoiados pelo Centro Nacional de Exploração Sexual e por dois escritórios de advocacia. Eles alegam que o Twitter lucrou com vídeos de um adolescente de 13 anos explorado sexualmente. Hoje o adolescente tem 17 anos.

De “nudes” a chantagem

Os pedófilos que chantagearam o adolescente se passaram por uma colega de escola de 16 anos. Supostamente, a colega propôs ao adolescente que ambos intercambiassem fotos em que aparecessem nus. Essa prática é amplamente conhecida nas redes sociais como “mandar nudes” (a propósito: é assombroso que milhares de pessoas, tanto adolescentes quanto adultos, não pensem nas óbvias consequências do ato de compartilharem na internet suas próprias imagens nuas achando que elas não serão compartilhadas com mais ninguém).

Depois que o adolescente enviou suas fotos nu, a conversa com a suposta colega de escola se revelou uma cilada e se transformou em chantagem: os criminosos ameaçaram enviar as imagens do menino aos seus “pais, treinador, pastor” e a cada vez mais pessoas, caso ele não compartilhasse novas fotos e vídeos de teor sexual. Apavorado, o adolescente enviou mais vídeos comprometedores. Não satisfeitos, os bandidos o coagiram a incluir outra criança nas gravações.

Em 2019, os vídeos apareceram em duas contas do Twitter que, segundo o processo judicial em andamento, já seriam conhecidas por compartilhar material de abuso sexual infantil. Tais vídeos teriam sido denunciados ao Twitter em pelo menos três ocasiões a partir de 25 de dezembro de 2019, mas a empresa não fez nada.

Ainda segundo o processo, o adolescente soube que suas imagens estavam sendo publicamente compartilhadas porque colegas o avisaram. A partir de então, começou uma sequência de atos de “assédio e bullying cruel”, que, de acordo com a ação judicial, logo se transformou em pensamentos suicidas.

Twitter manteve pornografia infantil dizendo que ela não violava suas “políticas”

Os pais da vítima registraram boletins de ocorrência na polícia e fizeram novas denúncias no Twitter contra pornografia infantil envolvendo seu filho. Apesar da gravidade da denúncia, o Twitter demorou uma semana para dar resposta, e, quando a deu, foi para dizer que não iria retirar o conteúdo. Conforme documentado no processo e reportado pelo New York Post, o Twitter declarou na ocasião:

“Agradecemos pelo seu contato. Revisamos o conteúdo e não encontramos nenhuma violação de nossas políticas. Portanto, nenhuma ação será tomada neste momento. Se você acredita que há uma possível violação de direitos autorais, abra uma nova denúncia. Se o conteúdo estiver hospedado em um site de terceiros, você precisará entrar em contato com a equipe de suporte desse site para denunciá-lo. Sua segurança é o mais importante e se você acredita que está em perigo, nós lhe recomendamos entrar em contato com as autoridades locais”.

E isso foi tudo. Em sua réplica, o adolescente escreveu:

“Como é que vocês não veem nada de errado? Nós somos menores e éramos menores na época desses vídeos. Tínhamos 13 anos e fomos perseguidos e ameaçados para fazer esses vídeos que agora estão sendo divulgados sem a nossa autorização. Nós não autorizamos esses vídeos DE FORMA NENHUMA e eles têm que ser excluídos”.

O adolescente chegou a anexar o boletim de ocorrência. Mesmo assim, o Twitter só foi remover o material e suspender as contas que o espalharam depois que o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos interveio. Este fato também consta no processo.




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