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Drama da covid na Índia: escolas católicas alojam doentes para liberar leitos em hospitais

Drama da covid na Índia

L R Shankar / The Times Of India / The Times of India via AFP

Gandhi Hospital, Chennai, Índia, em 24 de abril de 2021

Francisco Vêneto - publicado em 30/04/21

Com subnotificação monumental, estimativas independentes calculam que as mortes por covid no país já atinjam 1 milhão

O drama da covid na Índia tem assombrado o mundo, com um cenário de hospitais em colapso, esgotamento dos estoques de oxigênio, disparada nos casos de contágio e nos óbitos diários e corpos sendo cremados em plena rua.

A já vertiginosa média de 300.000 novas infecções a cada 24 horas esconde números ainda mais espantosos devido às lacunas também monumentais de informação acurada: a subnotificação é tamanha que algumas agências independentes estimam que o número real de casos seja 30 vezes maior que as estatísticas oficiais, o que significa mais de meio bilhão de casos em vez dos 17,6 milhões reportados.

1 milhão de mortes

Pior ainda é o cenário das mortes: se oficialmente elas acabam de superar o marco das 205 mil, o número real pode variar entre um mínimo de 400 mil e, possivelmente, um estarrecedor patamar de cerca de 1 milhão de vidas já perdidas na Índia para a covid-19. As estimativas vêm de um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

Ramanan Laxminarayan, diretor do Centro de Dinâmica, Economia e Política de Doenças na capital indiana, Nova Déli, declarou conforme reportado pela rede CNN:

“É amplamente conhecido que tanto os números de casos quanto os números de mortes são contados a menos. Sempre foram. No ano passado, estimamos que apenas 1 em cerca de 30 infecções foi detectada por meio de testes. Os casos relatados são uma subnotificação séria do número verdadeiro de infecções. Desta vez, os números de mortes são provavelmente subnotificações graves, e o que estamos vendo é muito mais mortes do que o que foi oficialmente relatado”.

Escolas católicas alojam doentes

Diante do caos instaurado na Índia pelo colapso do sistema de saúde, a Igreja Católica vem agindo para suavizar o drama do povo do país com todas as suas possibilidades. As próprias instalações de saúde católicas não têm mais capacidade para receber novos pacientes de covid e, por isso, as dioceses e outras organizações da Igreja estão buscando soluções alternativas.

Segundo o Vatican News, o arcebispo de Bangalore, dom Peter Machado, vem capitaneando a adaptação de escolas e outras estruturas católicas para acolher doentes que não precisem de UTI por já terem passado da fase crítica da covid-19:

“Desta forma, podemos poupar leitos nos hospitais, deixando-os livres para os doentes mais graves que precisam de cuidados médicos imediatos e de apoios vitais. Os que superaram a fase crítica podem continuar recebendo os cuidados nesses centros temporários”.

O arcebispo de Bangalore também ofereceu equipes de voluntários para ajudar os profissionais de saúde.

Drama da covid na Índia

Bangalore tem 12 hospitais administrados pela Igreja. Todos estão lotados. A mesma situação se verifica em outras cidades do país, como as gigantescas Mumbai e Nova Déli.

Em Indore, o bispo dom Chacko Thottumarickal chegou a escrever aos fiéis católicos para explicar que não há mais vagas nos hospitais católicos para doentes de covid:

“São tempos difíceis para todos e, talvez, o pior ainda esteja por vir”.

De fato, a onda atual de contágios e mortes na Índia, muito lamentavelmente, não parece ter atingido o pico.

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