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Pe. Zezinho critica uso mal explicado da espada de São Miguel na liturgia

Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

Public Domain

Reportagem local - publicado em 24/08/21

Pessoas sem catequese empunham espadas diante da imagem de São Miguel sem entenderem corretamente o simbolismo, comenta o padre

O pe. Zezinho criticou o uso mal explicado da espada de São Miguel na liturgia. Ele escreveu em sua rede social:

“Se a Igreja tem uma festa litúrgica para Três Arcanjos, um dos quais é São Miguel, é porque ela mantém a devoção a ele. Mas tentemos esclarecê-la. Se ninguém explicou a você, eu explico. A narrativa sobre Miguel, “Mi ka el”, era para ser explicada. “NINGUÉM OUSE SER COMO DEUS”. O nome significava “DEUS está acima de tudo”.

Como não foi explicada, virou mais do que uma história ilustrativa. Virou um arcanjo guerreiro, o que ele não é.

Miguel veio antes da criação dos humanos. Através dos tempos, por falta de interpretação e estudo dos símbolos, virou coisa real. Então vestiram São Miguel de Arcanjo como comandante das milícias celestes, que expulsou o anjo Lúcifer do céu, jogando-o nas profundezas do inferno. Uma pintura do longínquo passado voltou a ser devoção atual com roupas e uniformes de 2 a 3 mil anos atrás. Não explicado, isto vira devoção perigosa”.

Uso mal explicado da espada de São Miguel

O padre prossegue:

“Por isso há pessoas sem catequese empunhando espadas de “ouro” ou luminosas diante da imagem de São Miguel e garantindo que São Miguel liberta o sujeito de satanás, do demônio Lúcifer; e, no culto, sem explicação adequada, vários fiéis empunham a espada dele para combater o pecado. Jesus prometeu muito mais do que isto. Devidamente explicado, é um bom símbolo, nada comparado à cruz de Jesus ou ao sacrário que tem muito mais catequese do que uma espada de ouro.

Quem hoje divulga a devoção a São Miguel deveria explicar melhor o que diz. Na verdade, o personagem é bíblico e é citado pouquíssimas vezes na Bíblia. 4 vezes. O tal anjo teria existido no tempo em que só havia anjos e ainda não havia seres humanos. Seria anterior à criação da Terra ou dos outros seres. A narrativa era destinada a levar os crentes hebreus a adorar a Deus, Javé, e a saber que ninguém enfrenta ou desobedece a Deus.

A mesma narrativa é usada para a punição dos humanos Adão e Eva, que desobedeceram às ordens de Deus. Não se tratava de maçã. A árvore do bem e do mal no centro do paraíso era uma alegoria para lembrar que o ser humano nunca atingirá o conhecimento total da vida, por mais que tente. Deus é mais. Aceitemos o limite da fé e da ciência! Há coisas que nunca saberemos! Nunca!”

Símbolos precisam ser explicados

O sacerdote continua:

“As palavras Miguel, Rafael, Lúcifer, Adão e Eva vêm do hebraico, traduzidas em grego ou em latim, e, ao serem traduzidas, deveriam ser devidamente explicadas.

O uso da espada num culto deve ser explicado, até porque Jesus mandou seu apóstolo guardar a espada na bainha. Ele poderia, se quisesse, defender-se de outro jeito. Foi o que ele disse! Não pela espada nem pela violência! E espada era símbolo de defesa, mas também de ataque. Ele resolveu o gesto com uma cura. Curou a orelha de Malco decepada por Pedro.

Um cristão deve ir mais longe nos seus cultos. Poderia mostrar orelhas curadas ao invés de espadas douradas no altar. Se querem usar o simbolismo, então expliquem isto cada vez que usarem a espada dourada e luminosa de São Miguel. Símbolos precisam ser explicados. Sem isto, viram devoções altamente questionáveis e até erradas”.

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