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O patriotismo tem relação com um dos 7 dons do Espírito Santo

CATEDRAL DE BRASILIA

Camila OV-(CC BY-ND 2.0)

Catedral de Brasília

Dom Alberto Taveira Corrêa - Reportagem local - publicado em 07/09/21

Uma reflexão sobre o amor à Pátria à luz do Espírito Santo e seus dons divinos

O patriotismo tem relação com um dos 7 dons do Espírito Santo. Uma reflexão a este respeito foi proposta por dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém, PA. Reproduzimos a seguir o texto de dom Alberto como reflexão sobre o amor à Pátria. Ele foi escrito a propósito da celebração da Independência do Brasil, mas pode e deve ser recordado em qualquer ocasião especialmente relacionada com a Pátria e com o Espírito Santo.

Dia da Independência: Amor à pátria

Os dons do Espírito Santo são concedidos para que as pessoas se deixem conduzir, no seu dia a dia, não pelos impulsos oferecidos apenas pelos sentidos, mas aprendam a discernir o que é melhor para a própria sociedade, para as relações interpessoais e o crescimento de cada um dos filhos e filhas de Deus, feitos todos para a felicidade e a plena realização.

Um dos dons do Paráclito é o da piedade; e por intermédio de sua atuação, somos conduzidos à bondade, com sentimentos e atitudes adequadas em relação aos outros, à família, à sociedade e à pátria.

Contribuição da Igreja para o Dia da Independência

Alguns dos frutos esperados da ação do Espírito Santo – nos cristãos que cultivam a bondade – atendem pelos nomes de civilidade, cidadania e patriotismo.

Sim! Ao celebrarmos o Dia da Independência do Brasil, Dia da Pátria, desejamos oferecer à sociedade reflexões que signifiquem a contribuição da Igreja na construção de um mundo mais justo e fraterno, sabendo que vivemos num ambiente de pluralismo, com diversidade de pontos de vista e opções, a serem por todos respeitados e valorizados.

Há um sonho de liberdade e uma justa pretensão de um tratamento igualitário, capaz de ir ao encontro, especialmente, dos grupos mais frágeis da própria sociedade.

Os cristãos são chamados a viver nesta terra, a obedecer às leis e superá-las com a lei maior da caridade, derramada nos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Tudo o que se disser a respeito do patriotismo e do exercício da cidadania pode sempre passar por um processo de aperfeiçoamento contínuo, pois não temos aqui estadia permanente, mas estamos em busca daquela que há de vir (cf. Hb 13,14-21).

Daí que a impostação de sua presença no mundo comporta uma sadia inquietação, a qual podemos chamar de espírito crítico, a ser exercitado sem azedume nem revolta. É que o sonho do cristão tem nome de “Reino de Deus”!

Muitas atitudes, até justificáveis pela gravidade dos problemas sociais, podem gerar um acirramento no trato deles, a ponto de transformar em ódio os eventuais conflitos de contrários, ou mais ainda: situações de ângulos diferentes, possíveis de se ajustarem em vista do bem comum.

Contribuição dos cristãos para o Dia da Independência

Essa é uma contribuição que os cristãos desejam oferecer ao exercício da cidadania. Enxergar os problemas, a partir dos interesses comuns, superando uma sempre tentadora luta de classes, que alguns já viram como única via para a superação das mazelas da humanidade nos decênios passados, com resultados sempre desastrosos.

A busca do que constrói a vida das pessoas e da coletividade, o diálogo sereno, com a capacidade de verificar a validade das contribuições alheias e o necessário acolhimento delas, pode ser a estrada para a edificação do desejado mundo novo.

O sadio patriotismo leva à bonita emoção que envolve todos os brasileiros no Dia da Independência. Basta lembrar o quanto toca em nosso brio pessoal o canto do Hino Nacional, a bandeira hasteada nas solenidades e soldados garbosos em seus desfiles, que deixam pais e mães orgulhosos.

Os benefícios sociais alcançados pelas comunidades, as conquistas dos mais excluídos, a casa própria adquirida com tanto esforço, a vitória dos jovens que acedem às universidades, o primeiro trabalho ou o primeiro salário, tudo isso é construção de um mundo digno e respeitoso para todos. Entretanto, o patriotismo tem seu contraponto no exercício de gestos de cidadania.

A reflexão que agora proponho veio da indignação de um jovem diante do desleixo com que se joga lixo na rua. Fez-me pensar no respeito às leis de trânsito, no cuidado com nossas praças e áreas de lazer, assim como a resposta que pode ser dada às situações críticas de nossa região e do mundo.

Patriotismo significa amar a terra em que vivemos, valorizar a natureza, que é dom de Deus e, mais ainda, o respeito à vida das pessoas a serem amadas com amor de caridade, e com quais podemos merecer a presença do Senhor, “pois onde dois ou mais estão reunidos em seu nome, Ele está presente” (Mt 18,20).

Cidadania

Cidadania é também a participação nas atividades comunitárias e a valorização de iniciativas nas ruas e bairros.

As campanhas organizadas em vários períodos do ano pela Cáritas ou as diversas Obras Sociais existentes pedem resposta e participação.

Edifica muito o envolvimento das pessoas, especialmente quando se trata de promover e apoiar as crianças. Se tantas vezes lamentamos e nos indignamos com a violência, há que reconhecer a solidariedade que se estabelece diante do sofrimento de pessoas e grupos.

Cidadania é presença e pode se transformar em exercício da caridade. Tenho proposto a pessoas e grupos que a criatividade se exercite na sensibilidade correspondente aos dons recebidos.

Uma pessoa pode visitar, semanalmente, os hospitais; outra vai ao presídio; uma terceira se coloca à disposição para levar os doentes aos hospitais. Cada um olhe ao seu redor e descubra seu jeito de ser presença.

Um dos âmbitos decisivos do exercício da cidadania é o engajamento dos cristãos leigos na política partidária.

Sabemos que a Igreja Católica é, muitas vezes, incompreendida e julgada por não cerrar fileiras com os diversos partidos e grupos existentes. Acontece que ela é discípula e mestra na história.

Noutras ocasiões, a escolha de lados na política só trouxe prejuízos, não só para a própria Igreja, como também para a própria sociedade. Houve também clérigos que se aventuraram em pleitos eleitorais, contribuindo, infelizmente, apenas para a divisão entre os fiéis.

Cabe à Igreja estimular os homens e mulheres vocacionados à política, oferecer-lhes a formação adequada e ajudá-los a se comprometerem, não em jogos de vis interesses, mas no compromisso com os valores do Evangelho.

Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém, Pará

Via Canção Nova

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