Eu vou e volto nesta questão: como padre, quão preocupado eu deveria estar com minha reputação pessoal?
Você pode se surpreender ao saber que todo padre tem detratores. Não há como evitar. Por exemplo, se você procurar por avaliações on-line da minha paróquia, descobrirá que a maioria delas é precisa, educada e positiva.
Alguns, no entanto, atacam pessoalmente o padre, mencionando o quão terrível eu sou. Literalmente, todas as outras paróquias têm comentários semelhantes, muitos relacionados à reputação do pastor. Essas opiniões podem ou não ser baseadas em fatos.
Isso, claro, me incomoda. Por um lado, não é grande coisa, não pode ser evitado e, no final, quem realmente me conhece não presta atenção a essas coisas. Então, nesse sentido, esses ataques não são particularmente importantes. A maioria das pessoas é generosa e temos inúmeras famílias felizes que vêm todos os dias à igreja para rezar.
Por outro lado, me preocupo com o fato de que, mesmo que uma pessoa seja desencorajada pela negatividade de frequentar uma igreja, isso é um problema. Ou se até mesmo se uma pessoa tiver uma ideia geral errada sobre os homens que deram suas vidas ao sacerdócio e isso azedar sua fé ou deixar os jovens hesitantes em explorar uma vocação, isso passa a ser um problema.
Como defender a reputação
Como, então, é possível defender a própria reputação e, ao mesmo tempo, permanecer uma pessoa humilde? Uma pessoa verdadeiramente humilde simplesmente deixa tudo acontecer? É arrogante falar por si mesmo?
Os padres certamente não são os únicos que lidam com esse problema. Aparece em todos os tipos de contextos, como relacionamentos interpessoais e com colegas de trabalho. Todos nós temos reputações a proteger – e, no trabalho, é de vital importância fazê-lo.
De fato, esta é uma preocupação tão universal que em seu livro “Introdução à Vida Devota” São Francisco de Sales tem um capítulo inteiro dedicado a ela. Ele faz algumas observações que achei úteis.
1. Humildade e bom nome
Francisco de Sales ressalta que, embora a humildade determine que não busquemos louvores e honra intencionalmente; ela não nos proíbe de manter um bom nome.
Uma boa reputação, se você pensar bem, não é um elogio a um talento em particular, mas significa que você é reconhecido como possuidor de integridade de caráter. Este é o tipo de pessoa que admiramos, o tipo de pessoa que todos queremos ser – honestos, firmes, atenciosos e possuidores de bom caráter.
Francisco de Sales diz que, na verdade, é um vício não se importar com a reputação:
“A humildade pode tornar-nos indiferentes até mesmo a uma boa reputação… e a humildade nos permite desejar e manter uma boa reputação com cuidado.”
Em outras palavras, procure manter uma boa reputação, pois isso beneficia a reputação da Igreja, seu empregador, sua família ou seu grupo de amigos. Se as pessoas caluniam a reputação de um padre, por exemplo, também estão prejudicando a Igreja.
2. Os benefícios pessoais de uma boa reputação
Possuir um bom nome cria um desejo de realmente merecê-lo. Quanto melhor sua reputação, mais consciente você será sobre viver com integridade.
Francisco de Sales também observa que defender uma boa reputação não significa discutir com as pessoas ou ser excessivamente sensível. Diz ele:
“Aqueles que são tão exigentes com seu bom nome tendem a perdê-lo completamente, pois se tornam fantasiosos, irritados e desagradáveis, provocando comentários maldosos.”
Portanto, você não precisa desafiar todos os fofoqueiros para um duelo com pistolas ao amanhecer. A melhor defesa de uma boa reputação é ignorar as fofocas e deixar seu bom caráter falar. Então, se for preciso, fale.
3. Não se preocupar com…
“Se você é culpado ou caluniado por práticas piedosas, seriedade na devoção ou qualquer coisa que tende a ganhar a vida eterna, então deixe seus caluniadores seguirem seu caminho, como cães que ladram para a lua!”
Quando somos desprezados por nos comportarmos de forma virtuosa, não há preocupação em permitir que pessoas que falariam negativamente sobre isso continuem a fazê-lo. Eles fazem isso para sua própria vergonha. Deus pode defender Sua própria reputação – e a sua.
O que percebi ao longo dos anos é que nem todo mundo gosta de mim – e tudo bem. Minha responsabilidade é me tornar o tipo de pessoa que é mais fácil de gostar. Depois disso, está nas mãos de Deus.
Se minha reputação sofre de uma forma que prejudica meu ministério sacerdotal, então posso ser mais ativo em defendê-la, mas além disso, como indica São Francisco de Sales, nosso tempo é melhor gasto em viver vidas felizes e virtuosas. Um bom nome é certo a seguir.
