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Talibã pede que Rússia e Ucrânia usem “meios pacíficos” para resolver conflitos

Afeganistão sob controle do Talibã

Wakil Kohsar / AFP

Francisco Vêneto - publicado em 03/03/22

O grupo extremista do Afeganistão recomenda "diálogo" aos outros - enquanto prefere matar o próprio povo de fome a dialogar em casa

Dentro do arco potencialmente infinito do surrealismo que prepondera sobre o imaginável de tempos em tempos, o Talibã pediu que a Rússia e a Ucrânia usem “meios pacíficos” para resolver os seus conflitos.

Diálogo?

O grupo islâmico extremista que prefere matar seu próprio povo de fome antes de permitir que as pessoas dialoguem livremente num bar ou na internet resolveu agora recomendar o “diálogo” aos outros. Em comunicado, o governo do Afeganistão, tomado pelo Talibã em agosto passado e submetido desde então à sharia, incentivou os russos e ucranianos a terem “moderação”.

“De acordo com sua política externa de neutralidade, o Emirado Islâmico do Afeganistão pede a ambos os lados do conflito que resolvam a crise através do diálogo e de meios pacíficos. Todos os lados precisam desistir de tomar posições que possam intensificar a violência”.

Segurança e direitos?

Os talibãs pediram ainda segurança para os estudantes afegãos que vivem na Ucrânia – enquanto os estudantes afegãos que sobrevivem no próprio Afeganistão não têm segurança nem mesmo para fazer perguntas em sala de aula, na eventualidade de poderem entrar numa sala de aula.

O fanático bando de terroristas islâmicos afegãos é acusado de violar sistematicamente os direitos humanos, em particular de mulheres e minorias étnicas e religiosas, além de torturar jornalistas.

Em questão de semanas desde a imposição do novo regime extremista, o Afeganistão conseguiu a proeza, por exemplo, de se tornar mais perigoso para os cristãos do que a Coreia do Norte, que, ao longo dos vinte anos anteriores, ocupava inabalavelmente a posição número 1 na lista dos piores países do mundo em termos de perseguição religiosa, conforme dados da ONG Open Doors, que monitora a liberdade de religião no planeta.

Colapso

O Talibã retomou o poder no Afeganistão depois de duas décadas de uma fracassada ocupação capitaneada pelos Estados Unidos com o alegado objetivo, justamente, de livrar o país do controle de fanáticos terroristas e transformá-lo em uma democracia.

Sob o governo do presidente democrata Joe Biden, a retirada estabanada das tropas norte-americanas e europeias de Cabul foi pesadamente criticada mundo afora, comparada com uma fuga vergonhosa e com um abandono irresponsável da população afegã à mercê do radicalismo islâmico.

O colapso do Afeganistão sequestrado pelos talibãs chega ao extremo de que, em hospitais nos quais sequer os médicos sabem se terão comida no final do dia, mulheres grávidas suplicam para ser mortas com seus bebês antes que eles nasçam.

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GuerraMuçulmanosPerseguiçãoTerrorismoUcrânia
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