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Madagascar: “os extremistas podem vir de outros lugares”, diz arcebispo

MADAGASCAR

RIJASOLO / AFP

Reportagem local - publicado em 31/07/22

Madagáscar, além da corrupção e pobreza, tem sido um país também afectado por fenômenos naturais extremos

A pobreza e a corrupção são dois dos principais problemas que a sociedade de Madagáscar enfrenta hoje em dia, segundo o Cardeal Désiré Tsarahazana. De visita à sede internacional da Fundação AIS, na Alemanha, o Arcebispo de Toamasina referiu também uma certa preocupação pelo número crescente de mesquitas visíveis em vários lugares. Apesar de não haver sinais de violência religiosa, o prelado mostra a sua inquietação perante a possibilidade de extremistas oriundos de outros países virem a estabelecer-se neste país africano.

“Não tivemos nenhuma violência religiosa no nosso país”, afirma o Arcebispo, em entrevista a Carlos Rosas-Jiménez. “Houve um aumento na construção de mesquitas em vários lugares, mas a relação entre cristãos e muçulmanos é boa. Não há violência, não há ódio, vivemos juntos. No entanto, não sabemos o que pode acontecer se o número de muçulmanos no país continuar a aumentar”, disse ainda o prelado, acrescentando que “os extremistas podem vir de outros lugares, como aconteceu em alguns países africanos, onde houve casos de violência contra cristãos.”

Outras questões

Se o extremismo religioso é motivo de alguma preocupação, há outras questões que são concretas e que afectam a vida quotidiana das populações. O drama da pobreza e a corrupção são duas das faces principais de um retrato deste país africano que o Santo Padre visitou em 2019. “O nosso país é um lugar de grandes contrastes. Temos muitos recursos, mas o país está se deteriorando”, afirma o prelado, justificando isso com a corrupção. “Muitas pessoas querem entrar na política para enriquecer o mais rápido possível. Há também falta de educação e civilidade. Afinal, grande parte da deterioração não é económica, mas social. Os dois estão ligados. Se há corrupção, há injustiça, e onde há injustiça, não há paz.”

Se o retrato do país não é simpático, é preciso saber encarar os desafios com coragem e esperança. “O Papa veio para dar esperança. Muitas pessoas vêm-me pedir conselhos sobre o que fazer com as suas vidas e com a situação do país. A visita do Papa reforçou o desejo do povo de enfrentar os seus desafios diários”, disse ainda o Cardeal Désiré.

Madagáscar, além da corrupção e pobreza de que fala o Arcebispo, tem sido um país também afectado por fenómenos naturais extremos e a Igreja tem procurado dar resposta aos problemas mais prementes que têm decorrido desses desastres. “Estas catástrofes, os ciclones, as inundações, agravaram definitivamente a pobreza da população. Isso é algo que nos tem preocupado a todos. No entanto, tentamos trabalhar em equipa. As dioceses que não foram muito afectadas têm apoiado as que mais sofreram com essas catástrofes. Nestas circunstâncias, temos vivido a solidariedade e o amor”, descreveu o Arcebispo à Fundação AIS.

Ajuda

A ajuda que a fundação pontifícia tem dado mereceu um agradecimento especial pelo apoio concreto que tem permitido às populações mais necessitadas, com destaque para a ajuda com meios de transporte e para a rádio diocesana. “Recebemos muita ajuda, como veículos todo-o-terreno e motocicletas. A maioria das igrejas neste país está muito isolada. Os padres muitas vezes têm que ir a lugares distantes para celebrar a missa e dar aulas de catecismo. Às vezes, têm que caminhar dois ou três dias para servir algumas comunidades. Eu mesmo fiz isso, caminhando por três dias, embora não consiga mais fazer isso. Também recebemos ajuda para estabelecer a rádio que nos ajuda na formação na fé. Isso é algo pelo qual estamos muito gratos. Esperamos que esta ajuda continue, para que possamos ter todas as nossas dioceses cobertas pela emissão da rádio.”

O Cardeal Désiré Tsarahazana fez questão de deixar ainda uma palavra de agradecimento dirigida aos benfeitores da instituição em todo o mundo e que, com a sua generosidade, têm apoiado a Igreja deste país do continente africano.

(Com AIS)

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