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6 convergências entre o estoicismo e o catolicismo

Serenidade

Jacob Lund | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 03/08/23

O estoicismo entrou na moda neste pós-pandemia, transcorridos 2.300 anos desde o seu surgimento na Grécia Antiga

Quem já fez alguma busca por assuntos filosóficos no YouTube ou nas redes sociais provavelmente já percebeu que o estoicismo entrou na moda neste pós-pandemia, transcorridos 2.300 anos desde o seu surgimento na Grécia Antiga.

Trata-se de uma escola de filosofia fundada por Zenão de Cítio, em Atenas, no início do século III a.C. O estoicismo destaca o autocontrole emocional como o caminho para o fortalecimento do caráter e para a vivência da virtude, encarando as provações com resignação e os prazeres com indiferença. Desta forma, o estoico pretende livrar-se dos altos e baixos dos sentimentos.

É uma filosofia baseada no conceito grego de “eudaimonia“, ou seja, de felicidade entendida como realização pessoal decorrente de uma vida virtuosa, regida pela lógica e pela ética natural. Os entusiastas contemporâneos do estoicismo também o associam a um estilo de vida minimalista e desapegado, focado no autoaprimoramento.

Muito embora não se trate de uma filosofia religiosa, há no estoicismo um quê de monástico, dada a sua ênfase numa vida sóbria e afastada dos apegos passionais e materiais. Desta perspectiva, podemos listar vários pontos de convergência entre o estoicismo e o catolicismo. Aqui vão 6 exemplos:

1 | Busca da virtude e da sabedoria de vida

A valorização da virtude faz parte da própria descrição do que é o estoicismo, e as virtudes não são menos importante para os católicos. A Igreja enfatiza em especial as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, mas também as virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança, que estão na base das demais virtudes. Buscar uma vida virtuosa, por sua vez, está na essência da sabedoria de vida, já que o sábio não é necessariamente aquele que detém maiores conhecimentos intelectuais, e sim aquele que entendeu com mais clareza a diferença entre aquilo que importa e aquilo que é meramente secundário.

2 | Autodomínio

Já vimos que, no tocante às virtudes, temperança ocupa espaço fundamental – e ela é tão valorizada pelo estoicismo quanto pelo catolicismo. Temperança envolve equilíbrio emocional e ponderação, o que viabiliza uma aceitação mais serena dos desafios da vida. Católicos e estoicos ensinam o domínio próprio como básico para vencer as tendências passionais e crescer em virtude. Ambas as doutrinas destacam também a importância de se cultivar o equilíbrio da mente.

3 | Aceitação da ordem natural – ou da vontade divina

O estoicismo ensina a aceitar com serenidade a ordem da natureza, incluindo o conjunto frio e objetivo dos fatos da vida que fogem ao nosso controle e que simplesmente são como são, gostemos ou não deles. De maneira semelhante, o catolicismo ensina os fiéis a enxergarem na ordem da natureza um indício da sabedoria divina que supera a nossa capacidade de entendimento, aceitando os desígnios de Deus com fé, ainda que frequentemente fujam à nossa compreensão e nos exijam sacrifícios. As duas doutrinas incentivam os seus seguidores a focarem naquilo que lhes cabe e está ao seu alcance, aceitando que o resto flui com base na ordem natural – e, no caso católico, também na ordem sobrenatural.

4 | Responsabilidade moral

O estoicismo ressalta a responsabilidade moral e a importância de agir com retidão e justiça no cumprimento do próprio dever. No catolicismo, a responsabilidade moral também ocupa uma dimensão central na vida cristã, em coerência com a doutrina das virtudes teologais e cardeais. Assim, católicos e estoicos são incentivados a buscar o bem, praticar a caridade e arcar com as responsabilidades pelos próprios atos.

5 | Gratidão

O estoicismo enfatiza a postura serena de receber os fatos da vida tais como são, o que vale tanto para aceitar as adversidades quanto para apreciar as dádivas. No catolicismo, isto se reflete na gratidão, entendida como uma atitude de reconhecimento pelas graças de Deus. Ambas as doutrinas identificam uma correlação entre o apreço pelas dádivas e o cultivo da paz interior.

6 | Desapego material e preferência pelo bem comum

O estoicismo promove o desprendimento material e a busca pela virtude como fonte da felicidade. O catolicismo também ensina o desapego dos bens transitórios e a preponderância do bem comum sobre os bens individuais. Ambas as doutrinas, portanto, incentivam a focar em valores mais elevados que a matéria.

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