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Descoberta uma lista de 3.200 judeus que a Igreja protegeu dos nazistas em Roma na II Guerra Mundial

Os pesquisadores que estudaram um novo documento sobre judeus que foram abrigados em congregações católicas durante o Holocausto. Da esquerda: Paul Oberholzer (Universidade Gregoriana), Iael Nidam-Orvieto (Diretor do Instituto Internacional para a Pesquisa do Holocausto no Yad Vashem), Silvia Haia Antonucci (Arquivo Histórico da Comunidade Judaica de Roma), Grazia Loparco (Pontifícia Faculdade de Educação Sciences Auxilium), Claudio Procaccia (Diretor do Departamento Cultural da Comunidade Judaica de Roma), Dominik Markl (Pontifício Instituto Bíblico e Universidade de Innsbruck).

Cortesia da Santa Sé

Pesquisadores que estudaram documento sobre judeus abrigados em congregações católicas em Roma

I. Media - publicado em 08/09/23

A lista histórica, até então considerada perdida, cita os nomes de pessoas abrigadas por congregações religiosas a fim de salvá-las do Holocausto

Cerca de 3.200 judeus perseguidos pela violência nazista durante a Segunda Guerra Mundial conseguiram se refugiar em cerca de 155 congregações católicas em Roma, afirma um comunicado de imprensa publicado pela Santa Sé neste 7 de setembro de 2023. Esta informação lança nova luz sobre a proteção organizada pela Igreja aos judeus para salvá-los do Holocausto.

Este importantíssimo documento histórico foi redescoberto nos arquivos do Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Essa mesma listagem de nomes já tinha sido citada pelo historiador Renzo de Felice em 1961, mas a documentação original era até agora considerada perdida.

O documento recém-encontrado não inclui apenas nomes de judeus: são mencionadas 4.300 pessoas, das quais 3.600 têm o nome registrado. Ao cruzar esses nomes com os arquivos da comunidade judaica de Roma, que é a mais antiga da Europa, os pesquisadores conseguiram confirmar que pelo menos 3.200 nomes que constavam na lista eram de judeus abrigados pela Igreja.

O precioso documento fornece informações sobre a dramática saga dessas pessoas, pois, em vários casos, inclui o lugar onde viviam ou o edifício da congregação onde estavam refugiados. Durante aquele período, a perseguição aos judeus de Roma provocou, entre outras tragédias, a deportação e o assassinato de quase 2.000 pessoas, incluindo centenas de crianças e adolescentes, numa comunidade de cerca de 10.000 a 15.000 pessoas.

Uma lista histórica, mas de importância muito atual

O documento foi compilado pelo padre jesuíta Gozzolino Birolo, ecônomo do Pontifício Instituto Bíblico, entre 1944 e 1945. O reitor do instituto na época era o então futuro cardeal alemão Augustin Bea, que se tornou um importante agente no diálogo pós-guerra entre judeus e cristãos. Ele teve particular impacto na elaboração da “Nostra Aetate“, documento do Concílio Vaticano II sobre as relações com as religiões não cristãs.

A lista foi apresentada pela primeira vez num seminário realizado no Museu Shoah de Roma, neste 7 de setembro. A equipe responsável pelo estudo do documento inclui Claudio Procaccia, diretor do Departamento Cultural da Comunidade Judaica de Roma, Grazia Loparco, da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, Paul Oberholzer, da Universidade Gregoriana, e Iael Nidam-Orvieto, diretor do Instituto Internacional para Pesquisa do Holocausto do Yad Vashem. Eles trabalham em parceria com o Pontifício Instituto Bíblico.

A resposta da Igreja Católica ao Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial tem sido objeto de muita discussão, controvérsia e manipulações de fatos históricos a fim de acusar a Igreja, injustamente, de conivência com o horror nazista. A abertura dos arquivos sobre o pontificado de Pio XII, em 2020, tem ajudado a desvendar a verdade sobre esse período complexo.

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