Não devemos confundir fé, piedade e amor a Deus com sentimentalismo, explica o pe. Cido
O pe. Cido Pereira recebeu de uma leitora do portal “O São Paulo” a seguinte indagação: “Padre, sinto muito arrepio quando me concentro em oração. Por que isso acontece?”.
O sacerdote, que assina uma coluna de perguntas e respostas, explicou à leitora:
Feita essa explicação sobre a oração, o pe. Cido abordou a sensação descrita pela leitora:
“Agora, esse negócio de ficar arrepiado, de chorar, não é nada de extraordinário não, viu? Dependendo do estado de alma, quem ora pode emocionar-se ou não. A emoção, os arrepios, o choro não tornam a oração mais piedosa ou não. É bom que a gente entenda isso, porque, se não, daqui a pouco, haverá muita gente confundindo fé, piedade, amor a Deus com sentimentalismo. Ou pior ainda: a gente vai acabar por achar que se não se emocionou é porque a oração não valeu, não foi feita com amor. Deus conhece o nosso coração e não se deixa levar por emoções e lágrimas”.
O padre então recordou que até mesmo grandes santos viveram a experiência de não sentir emoção nenhuma ao orarem:
“A grande Santa Tereza, reformadora do Carmelo, reclamava muito em suas orações quando sentia uma secura de alma. Parecia que estava num deserto. Nem por isso ela deixava de orar. É isso aí. Acontece muitas vezes que a gente não sente prazer em orar. Orar neste momento se torna um exercício, uma ginástica, que embora cansativa, vai nos trazer a saúde da alma”.
E exortou:
“Não ligue para os seus arrepios quando se concentra em oração, Édna? Em vez disso, pense no que está dizendo a Deus, não ore só por si mesma, seja uma intercessora junto ao Pai do céu pela Igreja, pela paz, pelos que sofrem sob o peso da exclusão social, pelos que não sabem orar, pelos que não querem orar”.