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Padre explica por que os ímpios levam vantagem sobre os justos neste mundo corrompido

pai e filha abraço

sebra | Shutterstock

Reportagem local - Pe. José Eduardo - publicado em 22/09/23

"Não basta estar do lado da verdade, nem somente dizê-la ou sabê-la. É preciso viver em conformidade com ela"

Em um comentário intitulado “Fumaça que se desfaz a si mesma“, o pe. José Eduardo Oliveira compartilhou via rede social uma reflexão instigante a respeito das virtudes.

Ele começa recordando:

“Virtudes. Elas são o fundamento de todo e qualquer edifício moral, pessoal ou coletivo. Sem virtudes, não há homens acabados; o que há é apenas um coro desconexo de calouros atrevidos. E virtudes não brotam na desordem, no caos de uma vida errática”.

E explica:

“Já São Tomás dizia que as virtudes naturais são virtudes apenas ‘secundum quid’, ou seja, ‘de certo modo’. Virtudes verdadeiras são apenas as infusas, aquelas que excedem a ordem da razão e são engendradas pela graça, levando o homem a atos que vão muito além daqueles requeridos pelo simples uso do intelecto. Por isso, não basta estar do lado da verdade, nem somente dizê-la ou sabê-la. É preciso viver em conformidade com ela, deixando-se arrebatar por Deus pelo impulso divino da fé e da caridade. Precisamos de virtudes reais, não apenas da encenação de virtude”.

Com base neste ponto de partida, o pe. José Eduardo observou que, na corrupção do mundo, “os ímpios levam vantagem sobre os justos”:

“É por isso que os ímpios levam vantagem sobre os justos, neste mundo corrompido. Abrindo mão da verdade e desprovidos de virtudes, calculam as suas ações apenas com base em seu interesse de grupo. Eles têm senso de direção e adquirem a sua ‘virtus’ daquilo que Aristóteles chamava de ‘techné’: ou seja, não têm virtude moral, mas apenas virtude no sentido de técnica, de um ‘modus faciendi’, modo de fazer. Isso basta para fazer o mal”.

Já para ser de fato virtuoso moralmente, o nível de exigência é muito maior. O sacerdote prossegue:

“Para executar o bem, porém, é necessário virtude moral real, e virtude moral em sentido próprio, ou seja, sobrenatural. Cada vez que vejo algum católico atacando o outro, boicotando, difamando, jogando areia em seus projetos e rivalizando para ver quem é melhor ou pior; cada vez que olho para aqueles que militam pelos mesmos valores e os vejo em disputas inócuas, a única coisa que percebo, com pena, é que a desvantagem do bem está sacramentada pelo simples fato de que não há homens, pois não há virtude real”.

O padre então alerta:

“Falar de virtude não é o mesmo que tê-la. Exercitá-la apenas em sua vida privada para resolver suas questões intimistas não é verdadeiramente possuí-la nos graus mencionados. Viver para ser isto ou aquilo à custas de virtudes fingidas não merece sequer a qualificação de ‘cristão’. Com o passar dos tempos, vejo que não há verdadeiramente um catolicismo militante sedimentado, mas apenas um americanismo protestante e individualista transposto no universo brasileiro e materializado no triste cenário de indivíduos que avançam à custa do esmagamento dos cadáveres que eles mesmos produziram em sua busca de realização.

Bem outra é a mentalidade genuinamente católica, aquela que coloca a caridade, isto é, o amor ao próximo em primeiro lugar, deixando-nos a nós mesmos naquela última posição, aquela que ninguém quer, mas a que define verdadeiramente o que Deus chama de avanço, a despeito dos castelos de cartas e dos espetáculos circenses que não passam de hologramas projetados na escuridão, sem substância nem realidade, fumaça que se desfaz a si mesma pelo simples soprar do vento”.

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