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Purgatório? Mas o sacrifício de Jesus não foi suficiente?

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Purgatório

Renata Sedmakova | Shutterstock

Pe. José Eduardo - publicado em 06/11/23

O mundo inteiro será salvo? Segundo a própria Divina Revelação, não. Entenda o porquê.

Diante da doutrina do purgatório, alguns irmãos se perguntam: mas o sacrifício de Jesus não foi suficiente?…

1. É obvio que o sacrifício de Jesus é suficiente para salvar o mundo inteiro! Mas…, o mundo inteiro será salvo? Segundo a própria Divina Revelação, não. E por quê? Porque os homens, por conta de sua inclinação ao pecado, opõem uma resistência à ação da graça. A solução calvinista do problema (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos) cria outros problemas muito maiores, como o deslocamento do eixo da percepção da realidade: afinal de contas, eu tenho experiência da minha liberdade e de acolher a graça e negá-la em benefício de uma crença teórica nada mais é do que introduzir uma esquizofrenia na unidade entre intelecto especulativo e prático que desembocará necessariamente na supressão de um pelo outro (numa hipocrisia intelectual ou moral, tertium non datur).

2. A expiação da cruz é superabundantemente suficiente, mas sempre está condicionada às nossas disposições de arrependimento. Os sacramentos suprem parte dessas indisposições e, por isso, são tão importantes; mas, ainda assim, o realismo do pecado não admite uma saída fácil para o drama: ou seja, para além da culpa, existe um apego ao pecado que é real e não pode permitir o ingresso direto na eternidade (um adúltero pode morrer sem a culpa, mas pode ainda, sem culpa, ter afeto ao adultério, o mesmo valendo para todos os demais pecados). A solução luterana, que supõe que a imputação da justiça de Cristo ao pecador é externa sucumbe ante o realismo do pecado em si e relativiza, portanto, a necessidade da santidade, coisa oposta ao ensino das Escrituras (você admite que um pecador continua pecador para entrar no céu, contrariando as Escrituras; ou admite que a graça transformou totalmente o pecador apenas pela conversão, o que contraria a sua própria experiência).

3. Ademais, todo pecado causa uma desordem real, não apenas no culpado, mas na estrutura mesma da realidade. E essa desordem demanda uma reparação. Por exemplo, se você me roubou, eu posso te perdoar, mas, mesmo assim, você precisa reparar o dano cometido. Do ponto de vista sobrenatural, o pecado é remido pela graça, mas resta a pena temporal, que precisa ser reparada. Jesus mesmo, depois de curar o leproso, disse: “vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho” (Mt 8,4). Ou seja, a remissão da culpa e da pena eterna são instantâneas, mas resta uma ordem a ser reparada. Quando essa ordem não foi perfeitamente reparada na terra, precisa ser reparada de algum modo.

4. Toda essa reparação é sempre feita mediante os méritos de Cristo, sem o qual nenhuma obra tem valor sobrenatural. A confusão é imaginar que os méritos de Cristo invalidam os nossos merecimentos, quando o que se passa é justamente o contrário: graças aos méritos dele, nós podemos realizar obras com valor sobrenatural, que se tornam aptas para a salvação. Portanto, a supersuficiência da obra da Cruz, ao invés de dispensar as nossas penas, dá-lhes todo o valor que elas têm, caso contrário, nenhuma expiação seria possível e, por isso, São Paulo pôde afirmar: “o que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).

5. Portanto, toda eficiência expiatória do purgatório é não apenas cristocêntrica, mas cruciocêntrica, pois, se Cristo não fosse o fiador das penas aí expiadas, o purgatório seria reduzido ao limbo, coisa nunca admitida pela fé da Igreja.

Pe. José Eduardo Oliveira, via Facebook

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