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Como educar a criança de acordo com sua própria personalidade

PATIENCE

Rus Limon | Shutterstock

Edifa - publicado em 08/01/21

Para entender o nosso filho(a) e se comunicar bem com ele(a), é importante levar em consideração sua própria personalidade. Aqui estão algumas ferramentas para fazer isso muito bem

Você tem que se render às evidências: os bebês não nascem como uma página em branco. Assim que saem do ventre, os nossos filhos já têm “o seu pequeno caráter”, “aquele olhar travesso” ou aquela calma incrível que gostaríamos de ter com o irmão mais velho. Também não nascem como se fossem clones. Os acessos de raiva do irmão mais velho, pode ser muito estranho que aconteça a mesma coisa com o filho pequeno, e a sensibilidade do terceiro pode ser muito diferente da do quarto. Nossos filhos são diferentes desde o seu nascimento.

“Eles vêm ao mundo dotados de um caráter que herdaram e que, ao mesmo tempo, é deles”, confirma Marie-Paule Mordefroid, treinadora de eneagrama da personalidade. Em famílias grandes, os pais percebem rapidamente essas diferenças de caráter de um filho para o outro. “Principalmente porque o caráter da criança se manifesta desde muito cedo”, continua Marie-Paule Mordefroid.

Esta parte inata de seu caráter determina, em grande medida, seus comportamentos e suas reações. Por que Pedro fantasia com a cabeça entre os livros o dia todo e Júlia salta de uma atividade para outra, quando receberam a mesma educação? Em vez de refletir sobre a maneira como os criamos, e se tentamos explorar suas inclinações internas? Saber como reconhecer a personalidade de nossos filhos pode ser uma ajuda valiosa para os pais em sua missão educacional. Para entendê-los melhor, para se comunicar melhor, para adaptar nossa autoridade, resolver conflitos e “permitir que os pais adaptem a educação que lhes dão”.

As oito combinações de personalidades

No entanto, não temos que esperar para obter uma receita pronta para ser usada na qual explica como devemos agir com nossos filhos. Saber que nosso filho não é ativo, emocional e secundário não nos dá direito a um manual de instruções para melhor educá-lo. Os pais ainda são responsáveis ​​pela sua educação, pelo que são e pelo que receberam. Conhecer o caráter é oferecer uma chave para a leitura de nosso filho, não uma instrução de uso. Pesquisar essa personalidade exige tempo, paciência e muita observação. Não apresentaremos a carta interna de nossa progenie uma semana depois de termos feito uma bateria de testes. Esta pesquisa precisa ser apoiada por um quadro sinótico. E é aqui que as coisas ficam complicadas. Desde a Antiguidade, várias classificações foram elaboradas sem gerar unanimidade. Nós escolhemos três: o método de Le Senne, o eneagrama e os cinco sentidos.

O psicólogo René Le Senne, fundador da caracterologia francesa, estabeleceu três fatores que compõem nosso caráter: a emoção, a atividade e a ressonância. A emoção é a capacidade de reagir emocionalmente a um acontecimento. O emocional se distingue do não emocional pela intensidade de suas manifestações ou de suas ações. O primeiro(o emocional) seria muito expressivo, enquanto que o segundo (o não emocional) poderia ser decididamente definido como fleumático. A atividade leva em consideração a reação a um obstáculo, a facilidade de atuação. O ativo é aquele que está inclinado para a ação, aquele que estabelece objetivos e tenta alcançá-los. O não-ativo está voltado para si mesmo e facilmente renuncia a agir quando encontra um obstáculo. Tem dificuldade para agir, precisa ser acompanhado ou apoiado para iniciar a ação. Este é o caso das crianças que não conseguem se vestir sem a mamãe ou o papai por trás delas.

Finalmente, a ressonância define a forma de receber as impressões, seja com uma reação imediata e breve (primária), seja com uma reação retardada, prolongada e duradoura (secundária). As primárias seriam mais resolutas, dispostas a modificar o programa inicial. As secundárias precisariam estar prevenidas ​​e antecipar as mudanças. O respeito pela palavra dada é importante para elas.

Dependendo das combinações que podemos desenvolver a partir daqui, podem ser identificadas oito personalidades: nervosa, sentimental, raivosa, apaixonada, sanguínea, fleumática, amorfa e apática.

Os três centros de energia

Está muito na moda, o eneagrama pode ajudar a descobrir o caráter de um filho. No entanto, não é aconselhável “rotulá-lo” entre as nove bases propostas por este método. Em vez disso, podemos usar os três centros de energia do eneagrama para delinear seu perfil dominante, mas sem classificá-lo: o centro instintivo (as entranhas), o centro emocional (o coração) e o centro mental (a cabeça).

Com os instintos, a ação não passa pelo filtro do coração ou da razão. Eles se lançam, tentam as coisas sem sempre ter perspectiva suficiente. E, quando não conseguem algo, têm tendência a ficar nervosos. Os emocionais são movidos pelas emoções, pela relação com o outro e pelo reconhecimento. Eles são muito dependentes dos outros, embora sejam muito felizes, altruístas e sensíveis. Já os mentais estão em permanente representação e discernimento. Eles refletem sobre tudo e estabelecem vínculos entre tudo. Independentes e autônomos, eles podem achar difícil agir.

Marielle Bradel, em seu livro L’Ennéagramme, un chemin de vie (“O Eneagrama, um modo de vida”, editora DDB), descreve como três crianças podem se comportar de maneira diferente na mesma situação: a festa de Natal na escola dos alunos da pré-escola. Todos os pais estão na sala de aula para assistirem o espetáculo que as crianças vão apresentar. As crianças sobem ao palco. Jerónimo entra com passo determinado e, ignorando as instruções da professora, fica no centro: impossível fazê-lo mudar de lugar. Ele está lá e permanece lá. É um instinto. Mais longe, Ana entrou tímida, imersa em seus pensamentos, e permanece onde lhe foi dito para se colocar. Esperando a festa começar, ela revisa mentalmente o poema que vai recitar. Seu centro é o mental. Depois temos Elisa, que entra sorrindo com os olhos virados para a sala de aula: a mamãe está aí? Ela prometeu vir, mas Elisa não a vê e as lágrimas começam a brilhar em seus olhos. De repente, ela a encontra. Ela recuperou o sorriso, fez um gesto com a mão e mandou-lhe beijos… sem se preocupar com a professora que estava tentando levá-la para o seu lugar. Uma emoção pura!

Diga-me que sentido você usa e eu direi quem você é

Os diferentes modos de aprendizagem também ajudam a discernir como nossos filhos percebem e recebem informações de fora. Se eles receberem tudo através dos cinco sentidos, então temos filhos privilegiados.

No sentido da audição, precisarão que expliquemos mais as coisas para eles. Eles precisam entender bem. As palavras, a voz e os contos que forem contados serão para eles uma porta privilegiada. No sentido da visão, acharão mais fácil capturar os conceitos por meio de imagens, pictogramas e exemplos que permitem que eles próprios criem imagens mentais. Os cinestesistas aprendem por experiência através de suas mãos, mas também com o corpo. Eles precisarão que façamos exercícios específicos com eles, como simulações.

Essas tabelas sinóticas são apenas dicas, existem outras. Depende de cada pessoa conhecê-las pouco a pouco e ir mais fundo!


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