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O dom da Fortaleza, um motor que nos permite avançar no amor de Deus

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Cathefriedrich | Flickr CC by NC ND 2.0

Edifa - publicado em 15/04/21

Não devemos julgar pelas aparências, pois quem nos parece fraco pode ser conduzido pela fortaleza de Deus e vice-versa

Não é fácil viver cada instante como um verdadeiro filho de Deus. É por isso que precisamos pedir ao Espírito Santo que deposite em nossa alma o dom da Fortaleza, que nos atrai a Deus como um ímã atrai limalha de ferro.

Se pudéssemos ser como essas simples limalhas de ferro, como foram os santos, tudo seria tão mais simples! Essa comparação não significa que a santidade seja um movimento irresistível no qual os santos seriam arrebatados independentemente de sua vontade. Ainda que o ímã sempre exerça seu poder de atração – isto é, mesmo se a força de Deus nunca nos falta – podemos escolher ser ou não ser a limalha de ferro. Você não pode ser santo, ou pecador, apesar de si mesmo.

Mas o que o exemplo do ímã e da limalha de ferro indicam é que a força de Deus é dinâmica, ela é como um movimento que nos atrai para aquele para quem fomos feitos e que, por isso, nos faz superar todos os obstáculos. Não é “vencer por vencer” (superar a mim mesmo ou provar que sou o melhor), mas: “vencer para Deus”.

O dom da fortaleza está sempre em nós

É importante lembrar às crianças, de forma regular, direta ou indiretamente, que o dom da fortaleza está em cada um de nós. No preguiçoso que não sabe como vai encontrar coragem para manter sua decisão de levantar da cama todas as manhãs cedinho. No deprimido que desiste diante do menor obstáculo. Naqueles que têm complexo de inferioridade, que ficam repetindo que “são ruins em tudo”. No medroso, que vai do entusiasmo ao desânimo no mesmo dia. No sanguíneo, que se dispersa com as mil ocupações que o seduzem. No voluntário que se segura para não demonstrar seus medos. Nos orgulhosos que querem fazer tudo por conta própria. Poderíamos continuar com a lista e perceber que todos precisamos do dom da fortaleza. E de fato, ele é dado a todos nós. É por isso que podemos ter confiança em nós próprios, porque este “em nós” é habitado pela força de Deus.

Outra comparação para ajudar as crianças a entenderem o que é o dom da fortaleza é a seguinte: vou fazer uma viagem, sei qual é o objetivo, tenho mapas que me mostram o caminho a seguir, me decido ir; mas nunca chegarei ao fim de minha jornada se o motor do veículo não estiver funcionando corretamente. O dom da fortaleza é este motor que me permite seguir em frente no amor de Deus. Cabe a mim fazer a manutenção deste motor ou deixá-lo enferrujar em um canto. Como o dom de conselho, o dom da fortaleza “só se desgasta se não for usado”.

Deus nos cobre de força sempre que precisamos

“O mesmo Deus que faz as cruzes também faz os ombros que a carregam, e ninguém é maior especialista em proporções”. Deus nos dá a força que nos é necessária quando e como precisamos. É por isso que não precisamos nos preocupar antecipadamente com possíveis provações que podem nos atingir ou atingir àqueles que amamos, a começar por nossos filhos. Como expressa Pascal no Mistério de Jesus: “É mais para tentar-me do que para te provar, te fazer pensar se farás bem tal ou tal coisa. Eu tudo farei em ti!”. Em outras palavras: “Não se preocupe com o que pode acontecer com você. Quando acontecer, estarei contigo”. Quando Jesus nos diz: “Basta a cada dia o seu mal” e quando pedimos ao Pai “o pão nosso de cada dia”, também nos referimos ao dom da fortaleza, ao qual devemos nos entregar sem reservas. Deus sabe do que precisamos a cada momento. Ele sabe melhor do que nós a altura dos obstáculos em nosso caminho e o peso da cruz em nossos ombros.

Quando explicamos isso a uma criança e principalmente a um adolescente de temperamento preocupado, ele às vezes responde: “Se Deus sempre nos dá a sua força, por que alguns parecem destruídos pelos seus fardos? Por que essa ou aquela pessoa não aguentou?”. Existem duas respostas: primeiro, o poder de Deus não age de forma automática. É como um presente, o qual o destinatário pode recusar (por orgulho, por falta de esperança). Então, Deus às vezes permite que passemos por grandes obstáculos para que possamos abrir nosso coração, para que possamos descobrir que somos pobres e pequenos.

Não devemos julgar pelas aparências, pois quem nos parece fraco pode ser conduzido pela fortaleza de Deus e vice-versa. Não esqueçamos: Jesus, em quem o dom da fortaleza se cumpriu plenamente, caiu sob o peso da Cruz. Ele estava com sede. E morreu. Como podemos, então, nos surpreender com nossas aparentes quedas e fracassos?

Christine Ponsard

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