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Padre é agredido e preso durante grandes protestos em Cuba

PROTESTOS CONTRA A DITADURA DE CUBA

Adalberto ROQUE / AFP

Os protestos em Cuba contra a ditadura pela falta de liberdade de expressão, comida, remédios e fornecimento de energia elétrica têm aumentado em 2021 (foto) e 2022

Francisco Vêneto - publicado em 13/07/21

Ao menos um seminarista e outros jovens católicos foram detidos e não se conhece o seu paradeiro

Um padre foi agredido e preso durante a atual explosão de grandes protestos em Cuba. A ilha comunista sofre uma onda de violenta repressão do governo contra cidadãos que se manifestam nas ruas pedindo mais liberdade, melhores condições de vida e mais efetividade nas medidas de combate à pandemia de covid-19.

O sacerdote preso é o pe. Cástor Álvarez, golpeado e detido em Camagüey sob acusação de promover a desordem pública. Ele estava defendendo os manifestantes.

Crise econômica

A agência católica ACI Prensa entrevistou outro sacerdote da mesma arquidiocese de Camagüey, o pe. Rolando Montes de Oca, que assim resumiu os motivos dos protestos em Cuba:

“A situação econômica neste momento é crítica e ficou mais grave ainda com as medidas econômicas que o governo impôs no começo deste ano, chamadas de ‘reordenamento econômico’, ou coisa parecida. Essas medidas, com certeza, tornaram a vida muito mais difícil. Temos uma inflação fora do comum. É cada vez mais difícil conseguir produtos de necessidade básica, inclusive comida. A situação de pobreza material é muito séria”.

Pandemia

O padre prossegue:

“Estamos em plena crise da covid-19. Há muitas notícias circulando sobre pessoas que morrem, que não recebem assistência médica. Os hospitais entraram em colapso. Circulam imagens de doentes nos corredores, inclusive em macas no chão. Há uma falta descomunal de remédios. Muitas pessoas não conseguem nem calmante para a dor. Uma aspirina, por exemplo, você não acha. E não estamos falando de remédios sofisticados. Ninguém tem nada. Muitas vezes, não existem nem nos hospitais. O governo nega o colapso na saúde e diz que tudo está controlado. Mas a realidade mostra o contrário”.

Repressão

O sacerdote acrescenta:

“O que está acontecendo em Cuba é algo único em pelo menos 6 décadas. Eu tenho 40 anos e nunca tinha visto nada parecido: tanto consenso contra o governo e uma resposta tão violenta do governo contra o povo”.

Presidente convoca revolucionários para abafar protestos

Segundo o pe. Rolando, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel convocou “os revolucionários às ruas para defender a revolução em todos os lugares” e enfatizou que “a ordem de combate está dada”. O sacerdote continua:

“Obviamente, ele culpou os Estados Unidos por toda a situação que Cuba está atravessando. Ele disse que atacará os manifestantes e convocou todas as forças comunistas para irem com toda a força contra eles. E, de fato, tem havido muita violência contra os manifestantes, que eram pacíficos”.

Soltura do pe. Cástor

O pe. Cástor Álvarez foi libertado nesta segunda, 12 de julho, após intervenção do arcebispo de Camagüey, dom Willy Pino. De acordo com o pe. Rolando, foi necessária “uma longa negociação do arcebispo, que durou praticamente o dia inteiro”.

A agência ACI Prensa ressalta, porém, que há muitos outros manifestantes presos e cujo paradeiro não é conhecido. Entre eles há pelo menos um seminarista da localidade de Matanzas, chamado Rafael Cruz Débora, levado violentamente da própria casa às cinco da manhã. A agência informou ainda que os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández, igualmente presos, foram transferidos de Camagüey para a capital, Havana, e que não há novas informações sobre a sua situação.

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