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Papa: o Senhor vem nos libertar nas situações que parecem sem saída

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Photo by ANDREAS SOLARO / AFP

Reportagem local - publicado em 05/12/21

Na homilia da missa de hoje em Atenas, Francisco falou para "não ceder aos fantasmas interiores, que surgem sobretudo nos momentos de provação para nos desanimar"

O Papa Francisco afirmou que na vida de uma pessoa ou de um povo, “não faltam momentos em que se tem a impressão de encontrar-se no deserto”. Mas, segundo o Papa, “é precisamente aí que Se faz presente o Senhor”.

No contexto de sua viagem a Atenas, o Papa celebrou a missa hoje na Sala de Concertos Megaron, em Atenas.

Deserto

Ao falar sobre “deserto e conversão”, o Papa afirmou que “o Senhor vem para nos libertar e de novo nos dar vida precisamente nas situações que parecem irresgatáveis, sem vias de saída: é aqui que Ele vem”.

Assim, não há lugar que Deus não queira visitar. E hoje só podemos sentir alegria em vê-Lo escolher o deserto, para nos alcançar na nossa pequenez que ama e na nossa aridez que quer dessedentar. Portanto, caríssimos, não temais a pequenez, porque a questão não é ser pequenos e poucos, mas abrir-se a Deus e aos outros. E não temais sequer a aridez, pois não a teme Deus que nela nos vem visitar.

Conversão

Ao falar sobre o segundo tópico de sua homilia, a conversão, o Papa disse que, “tal como o deserto não é o primeiro lugar onde gostaríamos de ir, assim também o convite à conversão certamente não é a primeira proposta que gostaríamos de ouvir”.

Falar de conversão pode gerar tristeza; parece-nos difícil conciliar com o Evangelho da alegria. Mas isto verifica-se quando a conversão se reduz a um esforço moral, como se fosse fruto apenas do nosso empenho. O problema está precisamente aqui: em basear tudo sobre as nossas forças. Isto é errado! Aqui se escondem também a tristeza espiritual e a frustração: queremos converter-nos, ser melhores, superar os nossos defeitos, mudar, mas sentimos que não somos plenamente capazes e, apesar da boa vontade, sempre voltamos a cair. Provamos a mesma experiência de São Paulo que, precisamente a partir destas terras, escrevia: «O querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não. É que não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico».

Então – prosseguiu o Papa – se, sozinhos, não temos a capacidade de fazer o bem que queremos, que significa que devemos converter-nos?

Assim converter-se é pensar além, isto é, ir além da maneira habitual de pensar, além dos nossos habituais esquemas mentais. Concretamente penso nos esquemas que reduzem tudo ao nosso eu, à nossa pretensão de autossuficiência; ou nos esquemas fechados pela rigidez e o medo que paralisam, pela tentação «sempre se fez assim, para quê mudar?», pela ideia de que os desertos da vida são lugares de morte e não da presença de Deus.

Ir além

O Papa Francisco explicou que, ao exortar-nos à conversão, João Batista convida-nos “a ir além, não nos detendo aqui; ir além daquilo que os nossos instintos nos sugerem e os nossos pensamentos fotografam, porque a realidade é maior: é maior do que os nossos instintos, os nossos pensamentos”.

Na verdade Deus é maior. Então converter-se significa não dar ouvidos ao que enterra a esperança, a quem repete que nada mudará jamais na vida… os pessimistas de sempre! É recusar-se a acreditar que estamos destinados a afundar nas areias movediças da mediocridade; é não ceder aos fantasmas interiores, que surgem sobretudo nos momentos de provação para nos desanimar, dizendo que não vamos conseguir, que tudo está errado e que tornar-se santo não é para nós. Não é assim, porque há Deus. É preciso confiar n’Ele, porque é Deus o nosso além, a nossa força. Tudo muda, se se deixar a Ele o primeiro lugar. Eis a conversão: ao Senhor, basta a nossa porta aberta para entrar e fazer maravilhas, assim como Lhe bastaram um deserto e as palavras de João para vir ao mundo. Não pede mais mada!

Graça

O Papa encerrou sua homilia pedindo uma graça de Deus.

Peçamos a graça de acreditar que, com Deus, as coisas mudam, que Ele cura os nossos medos, sara as nossas feridas, transforma lugares áridos em nascentes de água. Peçamos a graça da esperança, porque é a esperança que reanima a fé e reacende a caridade; porque é de esperança que hoje estão sequiosos os desertos do mundo. E enquanto este nosso encontro nos renova na esperança e na alegria de Jesus, e eu rejubilo por estar convosco, peçamos à nossa Mãe, a Toda Santa, que nos ajude a ser, como Ela, testemunhas de esperança – a esperança, irmãos e irmãs, não dececiona, nunca dececiona –, semeadores de alegria ao nosso redor; e não só quando estamos felizes e juntos, mas todos os dias, nos desertos que habitamos. Porque é aqui, com a graça de Deus, que a nossa vida é chamada a converter-se. É aqui, nos muitos desertos do nosso interior ou do ambiente circundante, que a vida é chamada a florescer. Que o Senhor nos dê graça e coragem de acolher esta verdade!

Tags:
ConversãoDepressãoPapa Francisco
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