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Papa: a atitude que devemos aprender com Maria

VATICAN - POPE - MASS - TE DEUM

ALBERTO PIZZOLI | AFP

Reportagem local - publicado em 02/01/22

É isto que fazem as mães: conseguem transformar as adversidades em ocasiões de renascimento e em ocasiões de crescimento

O Papa Francisco pediu que os católicos aprendam com Maria uma atitude que revela sua “fé madura”; trata-se da atitude de “guardar meditando”.

Saída da tranquilidade de Nazaré e das promessas triunfantes recebidas do anjo – o seu início –, Maria encontra-Se agora no estábulo escuro de Belém. Mas é aqui que dá Deus ao mundo. E enquanto outros, perante o escândalo da manjedoura, teriam sido tomados pelo desconsolo, Ela não: guarda meditando.

Em sua homilia da missa do Dia Mundial da Paz, realizada nesse sábado na Basílica de São Pedro, o Papa reconheceu que acontece também a nós ter de suportar certos “escândalos da manjedoura”.

Esperamos que tudo corra bem, mas depois, como relâmpago em céu sereno, chega um problema inesperado. E gera-se uma dolorosa colisão entre as expetativas e a realidade. E pode acontecer também na fé, quando a alegria do Evangelho é posta à prova numa situação difícil por que passamos. Mas hoje a Mãe de Deus ensina-nos a tirar proveito desta colisão. Mostra-nos a sua necessidade: é o caminho estreito para chegar à meta, é a cruz sem a qual não se ressuscita. É como um parto doloroso, que dá vida a uma fé mais madura.

Guardar no coração

Nesse sentido, o Papa ensinou “como realizar esta passagem, como superar a colisão entre o ideal e o real?”

Fazendo precisamente como Maria: guardando e meditando. Em primeiro lugar, Maria guarda, ou seja, não deixa disperso. Não rejeita o que acontece. Guarda tudo no coração, tudo aquilo que viu e ouviu: não só as coisas lindas, como o que Lhe dissera o anjo e aquilo que contaram os pastores, mas também as coisas difíceis de aceitar: o perigo que correu aparecendo grávida antes do casamento, agora a triste desolação do estábulo onde deu à luz. Eis o que faz Maria: não seleciona, mas guarda. Acolhe a realidade como vem, não tenta camuflar, maquilhar a vida; guarda no coração.

De fato, explicou o Papa, Maria “compara experiências diferentes, encontrando os fios ocultos que as interligam”.

No seu coração, na sua oração realiza esta operação extraordinária: interliga as coisas lindas e as coisas duras; não as mantém separadas, mas une-as. E por isso Maria é a Mãe da catolicidade. Podemos, forçando um pouco as palavras, dizer que Maria é católica por isto: porque une, não separa. E assim apreende o sentido pleno, a perspetiva de Deus. No seu coração de mãe, compreende que a glória do Altíssimo passa pela humildade; acolhe o plano da salvação, segundo o qual Deus devia descansar numa manjedoura. Vê o Menino divino frágil e tiritando de frio, e acolhe o maravilhoso entrelaçamento divino de grandeza e pequenez. É assim que Maria guarda: meditando.

Olhar das mães

Em seguida, o Papa afirmou que “este olhar inclusivo, que supera as tensões guardando e meditando no coração, é o olhar das mães, que nas tensões, não separam, mas guardam-nas, e assim cresce a vida”.

É o olhar com que muitas mães abraçam as situações dos filhos. É um olhar concreto, que não se deixa condicionar pelo desconsolo, nem se deixa paralisar perante os problemas, mas coloca-os num horizonte mais amplo. E Maria continua assim, até ao Calvário, meditando e guardando: guarda e medita. Vêm à mente os rostos das mães que assistem um filho doente ou em dificuldade. Quanto amor há nos seus olhos, banhados de lágrimas, que ao mesmo tempo sabem inspirar motivos de esperança! Trata-se de um olhar consciente, sem ilusões, e, todavia, sem se deter na tristeza e nos problemas, oferece uma perspetiva mais ampla, a perspetiva do cuidado, do amor que regenera a esperança. É isto que fazem as mães: sabem superar obstáculos e conflitos, sabem infundir a paz. Assim conseguem transformar as adversidades em ocasiões de renascimento e em ocasiões de crescimento. Fazem-no porque sabem guardar. As mães sabem guardar, sabem manter os fios da vida todos juntos. Há necessidade de pessoas capazes de tecer fios de comunhão, que contrastem os numerosos fios de arame farpado das divisões; fios de comunhão, isto sabem-no fazer as mães.

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