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Papa Francisco manda carta ao patriarca Kirill, aliado de Putin

Papa Francisco e patriarca Kirill

© ANTOINE MEKARY - ALETEIA / SAINT PETERSBURG THEOLOGICAL ACADEMY

Francisco Vêneto - publicado em 27/04/22

"O povo ucraniano está ansioso por um novo amanhecer que ponha fim às trevas da guerra"

O Papa Francisco mandou uma carta ao patriarca ortodoxo russo Kirill, internacionalmente criticado por ser aliado explícito de Vladimir Putin e por apoiar a guerra movida pelo regime de Moscou contra a Ucrânia.

Francisco já conversou com Kirill em 16 de março por videochamada, com a participação simultânea do cardeal Kurt Koch. Na reunião, segundo a assessoria de imprensa do Vaticano, eles discutiram “a guerra na Ucrânia e o papel dos cristãos e dos seus pastores para fazer todo o possível a fim de garantir que a paz prevaleça”.

A postura de Kirill

O Vaticano também tentou organizar um encontro presencial entre Francisco e Kirill em Moscou, mas a iniciativa foi interrompida porque, nas palavras do próprio Papa Francisco, “poderia causar muita confusão”.

De fato, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa tem sido reiteradamente acusado de apoiar o regime de Putin e, por conseguinte, ser cúmplice do massacre perpetrado pelas tropas russas contra o povo ucraniano.

A postura de Kirill em relação à Santa Sé, historicamente, também é de fechamento. Ele se recusou a encontrar-se com São João Paulo II e com Bento XVI, mas propôs um encontro com Francisco em 2016, quando o Papa viajava para o México. Francisco fez uma escala em Cuba apenas para encontrar Kirill, que já estava de visita à ilha comunista. Foi um primeiro passo para estabelecer um diálogo. No momento, porém, o diálogo volta a ser dificultado pelo próprio patriarcado moscovita, que reforça a sua opção pelo alinhamento ideológico a Putin.

A postura de Francisco

Por sua vez, Francisco tem agido contra a guerra desde antes mesmo que ela eclodisse. O próprio Papa se prontificou a intermediar as negociações de paz e chegou a ir pessoalmente à embaixada russa junto ao Vaticano. Ao mesmo tempo em que privilegia as vias diplomáticas, Francisco também tem sido enfático ao chamar a guerra de guerra e ao desmentir diretamente a narrativa de Putin, que afirma tratar-se de uma “operação militar especial”.

Por determinação do Papa, a Santa Sé enviou representantes presenciais de peso à Ucrânia, como o cardeal Krajevski. O Vaticano também está enviando doações frequentes ao país agredido, sejam em dinheiro, sejam em alimentos, remédios, itens de primeira necessidade e até ambulâncias. A Igreja determinou ainda que conventos, seminários, paróquias e outras instalações físicas acolham desabrigados.

A carta do Papa

A carta de Francisco ao patriarca ortodoxo de Moscou é mais um gesto de abertura e diálogo. O Papa envia a Kirill a sua saudação pascal. Cabe recordar que a Páscoa foi celebrada neste último domingo em grande parte das igrejas ortodoxas, que seguem o calendário juliano e não o gregoriano.

O Papa Francisco escreve em sua carta ao patriarca Kirill:

“Querido irmão! Que o Espírito Santo transforme nossos corações e nos torne verdadeiros artífices da paz, especialmente para a Ucrânia devastada pela guerra, para que a grande passagem pascal da morte para uma vida nova em Cristo seja uma realidade para o povo ucraniano, ansioso por um novo amanhecer que ponha fim às trevas da guerra”.

O Papa Francisco faz ainda uma exortação pela oração recíproca, a fim de “dar testemunho confiável da mensagem evangélica de Cristo ressuscitado e da Igreja como sacramento universal de salvação”.

O pontífice registra que, neste momento, “sentimos todo o peso do sofrimento da nossa família humana, esmagada pela violência, pela guerra e por tantas injustiças”. Entretanto, “continuaremos a olhar de coração agradecido para o fato de que o Senhor tomou sobre Si todo o mal e toda a dor do nosso mundo”.

Tags:
GuerraPapa FranciscoRússiaUcrânia
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