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Exposição ofensiva a católicos na Assembleia Legislativa de MG é encerrada

Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Paulo JC Nogueira, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Reportagem local - publicado em 21/09/22

Mostra foi acusada de ferir os sentimentos religiosos, além de incluir conteúdos impróprios para menores de idade

Uma exposição ofensiva aos católicos, montada em plena Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi encerrada na última segunda-feira, 19, após denúncias de cristãos por conteúdos que ferem o sentimento religioso ou que são impróprios para menores de idade.

A mostra, intitulada “Deslocamento”, continha obras do jornalista Carlos Barroso. Sob a curadoria do escritor e ensaísta Anelito de Oliveira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, a exposição tinha sido aberta em 5 de setembro e estava programada para permanecer até o próximo dia 23 na Galeria de Arte do Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema, na ALMG.

A denúncia inicial contra a exposição partiu do movimento Mova Brasil, uma iniciativa de leigos católicos em defesa de valores universais como a vida, a família e a liberdade na política.

Uner Augusto de Carvalho Alvarenga, diretor de formação do Mova Brasil, divulgou nas redes sociais um vídeo que mostra algumas das peças da exposição, entre as quais um manequim vestido de lingerie preta, com parte dos seios à mostra e uma estola sacerdotal vermelha sobreposta; um quadro de mãos em oração com a frase “sangue de Cristo” se transformando em “sangue de dízimo”; e uma peça que associa a cruz à suástica, sugerindo uma relação, extremamente ofensiva, entre cristianismo e nazismo.

Em declarações à agência de notícias ACI Digital, Uner Augusto afirmou:

“O meu sentimento foi de ofensa aos nossos símbolos católicos. Tem várias obras ali que são de profundo mau gosto e atentam contra os símbolos religiosos. Eu fiquei muito ofendido e revoltado por ver aquilo acontecendo dentro da Assembleia Legislativa, um espaço público, um lugar que tem todas as condições de oferecer uma arte que realmente prestigie o povo mineiro. Mas não, eles se dão ao trabalho de colocar ali algo que atenta muito contra a nossa fé. Além das imagens que vilipendiam os símbolos religiosos, tinha outra com vários frascos de remédios que, em vez de ter a descrição do remédio no rótulo, têm desenhos de corpos humanos em posições sexuais. Mas a mostra é aberta a todas as pessoas; não tem nenhum controle de idade”.

Uner Augusto acrescenta que denunciou a exposição junto à polícia legislativa e ao Centro de Atendimento ao Cidadão e, mediante boletim de ocorrência, também junto à Polícia Militar.

Por sua vez, o autor da exposição, Carlos Barroso, tachou de “censura” o encerramento da exposição. Via Instagram do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, ele afirmou em vídeo:

“Não devo nada a ninguém, foi edital de concorrência pública antes da pandemia. Hoje, ela sofreu uma interdição, desmonte, e vai ser transferida. Uma censura à liberdade de expressão, à arte, à cultura, como está acontecendo neste país com discursos de ódio de grupos que são contra a arte e a cultura”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais também se manifestou:

“Trata-se de um ato de censura imposto pela casa legislativa a uma obra de arte após manifestação de um único parlamentar que questionou as referências à religião contidas no trabalho de Carlos Barroso. Causa-nos estranheza uma casa que se diz plural ceder à pressão de apenas um parlamentar, em detrimento de tantos outros que lá têm assento e que contribuem para a pluralidade no ambiente democrático. A interdição da mostra é mais um ato de intolerância que marca os dias de hoje”.

O deputado estadual em questão é Carlos Henrique (Republicanos). Ele também publicou um vídeo, neste domingo, 18, criticando a exposição. Entrevistado pela agência ACI Digital, ele mencionou o artigo 208 do Código Penal brasileiro, que, a seu ver, é ferido pela mostra. O artigo deixa claro que a lei brasileira não autoriza ninguém a “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. O deputado afirmou:

“Assim que tomei conhecimento da exposição, estive no local e verifiquei de perto o trabalho que estava sendo exibido. Sou defensor da cultura e entendo que a arte é livre, mas desde que respeite as pessoas e a Lei. Como membro da mesa diretora da Assembleia Legislativa e como representante do povo mineiro, a primeira providência foi solicitar a retirada da exposição. O Estado é laico e respeitamos a crença e religiosidade de cada um. Em Minas Gerais, mais de 90% da população é cristã e este tipo de exposição é um ataque a nós, cristãos”.

O deputado também declarou ter solicitado “uma avaliação mais criteriosa com relação ao que é exposto nas galerias deste espaço público”, acrescentando que as exposições aprovadas precisam passar por edital e avaliação de uma banca de profissionais da área, sem financiamento público direto, mas prestando ao artista o espaço e a estrutura da ALMG para a exibição do trabalho.

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ArteIdeologiaJustiçaPerseguiçãoPolíticaReligiãoValores
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