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Libaneses estão assaltando bancos para “roubar” seu próprio dinheiro

BEIRUTE, LÍBANO

STR / AFP

Francisco Vêneto - publicado em 10/10/22

Mantenhamos as orações a Nossa Senhora do Líbano pelos nossos irmãos, que sofrem uma das piores crises da sua história

Parece mentira, mas cidadãos libaneses estão assaltando bancos para “roubar” o seu próprio dinheiro! O que parece surreal se tornou a única forma que eles encontraram para “sacar” as suas economias, já que as retiradas de dinheiro estão sendo rigidamente restritas pelos bancos, perante a incompetência e conivência do governo, devido à devastadora crise financeira que assola o país desde 2019.

As instituições bancárias libanesas estão limitando os saques ao equivalente a 400 dólares por mês, o que impossibilita, por exemplo, que muitas famílias consigam pagar custos hospitalares de parentes doentes.

Ao longo de 2022, mais de uma dúzia de bancos foram “assaltados” no Líbano por clientes que exigiam acesso, pasmem, ao seu próprio dinheiro ali bloqueado.

Em um dos casos mais recentes, uma mulher chamada Sali Hafiz assaltou a sua agência usando uma arma de brinquedo. Ela conseguiu retirar 13 mil dólares da conta da família para pagar o tratamento de uma irmã que está com câncer. Depois de “fugir” com seu próprio dinheiro (!), ela mesma foi se entregar à polícia – e precisou pagar fiança para ser libertada.

Em entrevista à BBC, Sali Hafiz declarou:

“Peço desculpas a todas as pessoas que eu assustei. Mas como é que isto se compara ao desespero, à raiva e à tristeza que eu sinto todos os dias por saber que a minha irmã está morrendo?”.

Outro cidadão libanês que teve de apelar ao mesmo “método” para reaver o próprio dinheiro foi Jawad Slim, que afirmou:

“Todo mundo só quer o que é seu por direito, nem mais, nem menos. Eu não cometi nenhum crime. Tenho sete filhos para criar”.

O Ministério do Interior, no entanto, condenou estas ações alegando que os cidadãos “não devem fazer justiça com as próprias mãos”.

Crise generalizada

O Líbano, que já foi próspero, caiu numa espiral acelerada de empobrecimento devido a uma sequência de crises políticas e econômicas nos últimos anos. A derrocada se intensificou dramaticamente com a explosão no porto de Beirute em 4 de agosto de 2020, uma tragédia que matou pelo menos 215 pessoas e deixou o mundo estarrecido.

Explosão em Beirute

Desde então, o país se arrasta numa das mais profundas crises da sua história. Entre as características dessa crise generalizada, destacam-se a inflação que reduziu quase a cinzas as poupanças das famílias, o colapso do sistema bancário (com o absurdo fato de libaneses tendo que “assaltar” os bancos para reaver seu próprio dinheiro) e um êxodo massivo dos libaneses, que dificultará gravemente a retomada do crescimento do país.

Esperança na intercessão de Nossa Senhora

Entre as muitas imagens amplamente compartilhadas nas redes sociais enquanto Beirute e o país tentavam redefinir os seus rumos após as mega-explosões de agosto de 2020, chamaram bastante atenção as fotos de uma estátua de Nossa Senhora que permaneceu intacta dentro de um nicho que dava para uma rua gravemente atingida pelo impacto destrutivo.

As fotos foram divulgadas no Twitter pela conta Maronitas_es, que publica informação em língua espanhola sobre os católicos libaneses de tradição maronita:

“Esta é uma estátua da Mãe de Deus em uma rua de Beirute. Tudo atrás dela está destruído e sua estátua sobreviveu à explosão”.

Mantenhamos as orações a Nossa Senhora do Líbano pelos nossos irmãos libaneses, que enfrentam um dos maiores desafios da sua história.

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