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Violência anticatólica assola também o Haiti

HAITI

Georges Harry Rouzier / Anadolu Agency via AFP

Francisco Vêneto - publicado em 18/10/22

Como se não bastassem todos os dramas do país mais pobre das Américas, os católicos se tornaram alvo direto de perseguição

A violência anticatólica assola também o Haiti, como se não bastassem todos os dramas do país mais pobre das Américas.

Em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), a irmã Marcela Catozza, da Fraternidade Franciscana Missionária, relatou episódios como o incêndio criminoso da catedral de Porto Príncipe, o ataque à sede da Cáritas Haiti e o assassinato de uma religiosa – apenas alguns exemplos num cenário que também inclui sequestros recorrentes de padres e freiras e a morte violenta de outros membros do clero.

“É uma luta horrível. E quem mais sofre é o povo. A cidade está nas mãos das gangues. As pessoas passam fome. As escolas estão fechadas. Não há trabalho. Os hospitais estão fechando”.

O panorama desolador que a irmã Marcela descreve já era grave antes e se agravou mais ainda desde que o presidente Jovenel Moïse foi assassinado em julho de 2021. Ainda não foram realizadas novas eleições, mesmo transcorrido mais de um ano. Nesse ínterim, a luta pelo poder entre facções disseminou a violência extrema pelas ruas, infernizando um país que há décadas é martirizado pela miséria e por calamidades naturais.

O mais pungente para a irmã Marcela, porém, é que o mundo vira a cara sistematicamente para o Haiti:

“O pior é que ninguém fala deles. Ninguém sabe o que está acontecendo. Não estão interessados ​​no que estamos sofrendo neste país”.

Violência anticatólica

A religiosa assassinada a quem a irmã Marcela se refere é a italiana irmã Luisa dell’Orto, morta em junho deste ano após duas décadas vivendo no país. A “explicação” fácil e “mais ou menos oficial” é que tenha se tratado de um assalto seguido de morte, mas, para a irmã Marcela, “alguém pagou para matá-la na rua”.

Duas semanas depois, a catedral da capital, Porto Príncipe, foi incendiada de propósito – e, pasmem, os criminosos ainda “tentaram matar os bombeiros que chegaram para apagar as chamas”. Insatisfeitos, tentaram destruir as paredes da igreja com um caminhão.

A violência anticatólica no Haiti não é recente nem é restrita à capital. A irmã Marcela, que chegou a ficar um ano sem poder ir à Missa devido às gangues que diariamente fecham os acessos ao bairro onde ela vive, comenta a situação em outras áreas:

“Em Port-de-Paix ou Les Cayes, e em outras cidades do país, atacaram os edifícios da Cáritas e levaram tudo o que estava lá, toda a ajuda humanitária, além de destruírem os escritórios dos funcionários”.

Em agosto, a capela da Fraternidade Missionária Franciscana também foi incendiada – consumindo desde o altar até os bancos:

“O Santíssimo Sacramento está seguro porque, por precaução, quando eu saio, o guardo em outro lugar, e, graças a Deus, Ele estava lá”.

No mesmo mês, a irmã Marcela viajou para a Itália e agora está impedida de voltar ao Haiti:

“Me pediram para não voltar, que era melhor esperar um pouco. A irmã Luisa foi assassinada e eles não querem outra irmã mártir nesse país. Por favor, rezem pelo Haiti. Vamos pedir a nosso Senhor que proteja todos os haitianos e dê paz a esse povo”.

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