Ele tem 86 anos de idade e, ao longo de 63 deles, ajudou a salvar a vida de cerca de 2,4 milhões de pessoas realizando com determinação e constância um gesto tão simples quanto nobre: doar sangue.
O australiano James Harrison é hoje um avô que leva uma vida muito semelhante à de milhões de outros homens da sua idade. Ele gosta de brincar com os netos e sair para dar passeios pelas redondezas – além de colecionar selos postais.
Mas há algo que o caracteriza e distingue da maioria das pessoas: James tem no próprio sangue um tesouro excepcional, que são anticorpos raros capazes de ajudar as gestantes em risco de seroconversão grave. Trata-se de um quadro relacionado com o fator Rh do sangue: se o sangue da mãe é Rh- e o do bebê é Rh+, existe um risco de que, nos piores casos, a incompatibilidade de tipos sanguíneos provoque abortos espontâneos ou cause lesões cerebrais graves no bebê.
Mas como foi que James descobriu que trazia em seu corpo uma esperança para tantas mães e crianças?
Em 1951, quando ele tinha 14 anos, precisou extrair um pulmão e recebeu 13 bolsas de sangue de doadores desconhecidos. Essa generosidade salvou a sua vida.
“Eu disse para mim mesmo que, assim que tivesse idade, me tornaria doador de sangue”.
Bastaram dois dias após completar 18 anos para que James cumprisse a promessa que tinha feito a si próprio. E pouco tempo depois de começar a doar, ele descobriu essa característica extraordinária do seu sangue: o anticorpo anti-D, que tinha o potencial de prevenir a doença hemolítica dos recém-nascidos.
Em uma entrevista ao portal Today.com, James Harrison declarou:
“Conheci algumas mães e elas me agradeceram por isso. Uma delas perdeu três filhos e, depois das injeções, deu à luz sete bebês saudáveis (…) É fantástico ver as mães e seus filhos felizes”.
Em 2011, o “homem do braço de ouro” teve seu nome incluído no Guiness Book, o livro dos recordes, ao doar sangue pela milésima vez.
Em 11 de maio de 2018, ele fez a sua doação número 1.173 – a última, porque tinha chegado aos 81 anos de idade, que é o limite imposto pelas autoridades da Austrália para que uma pessoa possa doar sangue no país. “Eu continuaria doando, se me deixassem”, afirmou ele na ocasião.
Tendo começado aos 18 anos, James Harrison doou sangue ao longo de 63 anos e veio a salvar a vida de um total estimado em 2,4 milhões de bebês.
Um deles foi seu próprio neto, Scott.
