O pastor Sérgio Fernandes, da Igreja Nova Vida, se referiu à imagem de Nossa Senhora Aparecida como “Satanás fantasiado de azul” ao criticar a instalação de uma estátua a ela dedicada no município de Bastos, SP. Seus insultos à principal devoção mariana dos brasileiros foram proferidos durante um culto evangélico neste dia 1º de outubro, com transmissão ao vivo pelo YouTube.
Além da blasfêmia de comparar a Mãe de Deus com o demônio, o pastor lançou mão de outros termos que denotam intolerância religiosa ao se referir à estátua de Nossa Senhora:
“[Ela] só traz maldição para a nossa cidade. Aquilo lá é ponto de contato com o inferno (…) Todo espírito de idolatria não vai ficar aqui, eu não aceito”.
A imagem repudiada pelo pastor está sendo colocada pela prefeitura de Bastos na entrada da cidade, juntamente com outro monumento que homenageia a Bíblia. Segundo a administração municipal, o propósito é representar os cidadãos católicos e evangélicos locais e “criar um espaço harmônico” entre ambas as comunidades.
Diante do veemente repúdio popular aos seus ataques contra a veneração católica à Mãe de Jesus, o pastor Sérgio Fernandes publicou nas redes sociais uma carta em que alega ter exposto a sua “reprovação ao fato de que o poder público municipal havia erigido como monumento um ícone religioso que não representa a totalidade da população de Bastos”. Nesta linha, sustenta que “verbas públicas devem ser guardadas pela laicidade do Estado, não promovendo nenhuma vertente religiosa em particular, seja católica, evangélica ou outra qualquer”.
Embora os questionamentos ao poder público sejam um direito inegável de todo cidadão e a discordância quanto à destinação de verbas públicas seja perfeitamente legítima, a forma como Fernandes atacou abertamente a devoção católica a Nossa Senhora extrapola o âmbito da reprovação à prefeitura. O próprio pastor, em sua carta, diz reconhecer que “se excedeu”:
“Venho por meio desta nota reconhecer que me excedi nos termos e argumentos usados, sendo ofensivo, ferindo a sensibilidade e a fé sincera de muitas pessoas (…) Por reconhecer e me arrepender disso, venho publicamente me retratar e pedir perdão à comunidade católica e a todos os que se ofenderam com minha argumentação”.
Não obstante, o pedido de desculpas vem entremeado por frases de autodefesa em que Fernandes cita passagens bíblicas contrárias à adoração de imagens – coisa que, aliás, a fé católica não pratica e que, mesmo assim, lhe é recorrentemente achacada por pregadores que tergiversam o verdadeiro significado das imagens no culto católico.
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