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Mas o que é, na prática, essa tal de “cultura da morte”?

MEXICAN

Javier Portoles-CC

Reportagem local - publicado em 16/02/18

Exemplos e fatos concretos e inquietantes revelam a penetração dessa cultura nas estruturas primárias da sociedade - em especial, na família

A “cultura da morte” é denunciada com ênfase e força pela Igreja desde sempre, mas, sob este nome em particular, a denúncia ganhou novo impulso no pontificado de São João Paulo II.

Foi ele quem cunhou esse termo para se referir à crescente “naturalidade” com que governos e sociedades estão propondo e praticando a relativização e o enfraquecimento do respeito pela vida humanae até ataques sistemáticos contra grupos específicos de seres humanos, seja por meio de guerras abertas (que se tentam justificar com as mais hipócritas e insustentáveis “argumentações”), seja por meio de um sem-fim de “modalidades de extermínio humano” apresentadas sob o disfarce de “direitos”, como o aborto, a eutanásia, o suicídio assistido e até o infanticídio, além dos disfarces de “progresso científico” para maquiar práticas eugenistas e excludentes de todo tipo, inclusive contra pessoas com grande potencial de autonomia – caso das que nascem com a Síndrome de Down.

O Papa Francisco tem chamado de “cultura do descarte” estes aspectos da cultura da morte, incluindo no conceito de descarte também as práticas de exclusão de pessoas e povos considerados “indesejáveis” por serem pobres ou “improdutivos” quando vistos de uma perspectiva utilitarista.

Não houve século incólume à “cultura da morte”, mas o século XX, talvez pela maior facilidade de documentá-lo, foi notoriamente marcado pela sua sombra devastadora: duas guerras mundiais, uma vasta quantidade de guerras civis, os milhões de mortos pelo nazismo e pelo comunismo, genocídios contra vários povos, como os armênios, ucranianos, cambojanos e ruandeses; guerrilhas e regimes ideológicos repressores tanto de esquerda quanto de direita, terrorismo institucionalizado, ações cada vez mais virulentas de máfias internacionais e poderosas organizações de tráfico de drogas, armas e até seres humanos… e um longo etcétera, já que a lista é assustadoramente ampla.

Formas mais “sutis” da cultura da morte, se é que pode haver sutileza em matar pessoas, penetraram nos ambientes acadêmicos para defender uma alegada “relatividade” da vida humana ao sabor das conveniências do egoísmo adulto.

Entre outros frutos podres que a sociedade colhe das próprias sementes, têm surgido em anos recentes até “jogos” que envolvem crianças, adolescentes e jovens e os levam a flertar com a automutilação e o suicídio. O mais célebre dos últimos meses foi o “desafio da baleia azul“, mas outras iniciativas criminosamente levianas em relação ao valor de uma vida continuam surgindo com estarrecedora frequência. Neste mesmo mês, vimos o “desafio do desodorante” matar uma menina de 7 anos de idade na região metropolitana de São Paulo depois que irresponsáveis lançaram vídeos na internet incentivando menores a brincarem perigosamente com a própria vida.

Talvez ainda mais absurdo que a própria existência dessas “iniciativas” criminosas seja o próprio fato de que muitos adolescentes e jovens de todos os continentes se engajem nelas sem o básico do discernimento: trata-se de um indício relevante de que a cultura da morte vem devastando até mesmo a capacidade de reação a perigos óbvios, que normalmente é mais “acesa” quando se vive num ambiente de respeito pela vida, tanto própria quanto dos outros.

Conforme notava Durkheim, a erosão das estruturas primárias da sociedade, em especial a família, tornam o suicídio corriqueiro, normal e, agora, “lúdico”.

Não é casual que a família natural venha sendo o alvo predileto de uma vasta e arraigada guerra ideológica determinada a relativizar ao extremo este conceito e o seu conteúdo.

Afinal, assim como as árvores sem raízes, as pessoas sem identidade podem ser controladas com bem menos esforço.

E este é o objetivo prático dos promotores da cultura da morte.

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