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“Vejo você no Céu”: a mensagem de um padre durante um ataque terrorista em Moçambique

prete attentato mozambico

Loris Ld Vignandel | Facebook

Gelsomino Del Guercio - publicado em 15/09/22

Os testemunhos dos sacerdotes que escaparam milagrosamente da fúria dos terroristas islâmicos e suas desesperadoras mensagens à diocese

Eles escaparam milagrosamente do ataque organizado por grupos terroristas islâmicos em Moçambique: agora os padres da missão italiana em Chipene relatam os momentos de tensão em que uma comboniana de 83 anos, Irmã Maria De Coppi, perdeu a vida.

Os padres Lorenzo Barro, Loris Vignandel, a Irmã Ángeles López Hernández e a Irmã Eleonora Reboldi, outra irmã comboniana, foram salvos. Todos conseguiram fugir juntamente com outros participantes da missão.

O Estado Islâmico, em particular os grupos terroristas que respondem a eles na África Central, reivindicaram a responsabilidade pelo ataque.

Os padres, freiras e leigos da missão italiana nesta área pobre de Moçambique ficaram muito consternados. Em seus canais do Telegram, os rebeldes islâmicos escreveram abertamente que os membros da missão estavam espalhando o cristianismo e mereciam ser mortos. Somente a Divina Providência garantiu que o ataque não se transformasse em massacre de religiosos. 

Os depoimentos daqueles que estavam presentes no momento do ataque armado são arrepiantes.

“Eu perdoei quem eventualmente me matar”

“Eles atiraram. Eu vejo você no Céu. Eles estão queimando a casa. Não estou ressentido com você, aproveito a oportunidade para me desculpar por minhas falhas e dizer que te amei. Lembre-se de mim em oração. Se o bom Deus me der a graça, tentarei proteger-te de lá. Eu perdoei quem eventualmente me matar.”

Estas são as mensagens desesperadas que o padre Loris Vignandel, que sobreviveu, enviou via chat à Diocese de Pordenone, enquanto os rebeldes incendiavam a estrutura em que ele estava hospedado, em Moçambique, juntamente com os outros religiosos da missão.

“Eles saquearam a igreja”

“Depois de matar a Irmã Maria, eles saquearam a igreja e entraram na nossa casa ao lado, incendiando tudo. Nós nos escondemos nos quartos. Os rebeldes não entraram: pouparam-nos”, conta o padre Lorenzo Barro, pároco da missão moçambicana de São Pedro de Lurio-Chipene.

A reconstrução do atentado

O pároco reconstruiu assim o atentado em Chipene, do qual escapou milagrosamente. “Chegaram por volta das nove horas, felizmente quando quase todos os 38 meninos e 40 meninas que frequentam as escolas da missão já haviam saído”, disse Pe. Barro.

“Irmã Maria estava no quarto de sua irmã mais velha, irmã Ángeles López Hernández. Acho que elas estavam conversando e assistindo a alguns vídeos compartilhados no WhatsApp”.

As duas não teriam notado a chegada dos rebeldes pela janela. “Irmã Maria foi baleada assim que voltou para seu quarto. Irmã Ángeles a viu deitada no chão e conseguiu escapar escondendo-se no ‘mato’, o mato que cerca a missão”.

O ataque à casa do padre

Os rebeldes incendiaram a casa das freiras e, depois, o hospital e a igreja próxima. Eles também invadiram a casa onde o pároco estava hospedado junto com outro missionário, padre Loris Vignandel. “Começaram a queimar tudo”, lembra Pe. Barro. “Nós nos escondemos nos quartos e eles não entraram.”

O atentado terminou por volta das 23h, após cerca de duas horas. 

Onde estão os sobreviventes agora?

Os sobreviventes da missão atacada estão bem e vão para um lugar seguro”, explicou à Ansa Alex Zappalà, secretário do bispo e diretor do Centro Missionário de Concordia-Pordenone.

“Lorenzo Barro, Loris Vignandel e algumas freiras fugiram no meio da noite. Por volta das 3 horas recebemos mensagens trágicas e temíamos o pior. Felizmente, depois de um silêncio terrível e muito longo, por volta das 9h30 soubemos que os missionários da nossa diocese ainda estavam vivos, mas também que a Irmã Maria tinha sido assassinada”, lembrou o secretário.

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