Um padre se negou a aderir à falsa Igreja na China, inventada e controlada pelo regime comunista, e, em represália, o governo do país demoliu a sua capela na cidade de Youtong.
A alegação oficial das autoridades comunistas é que o templo provisório era clandestino, ou seja, não estava registrado na Associação Patriótica Católica Chinesa. Tal associação, apesar do nome, não tem nada de católica: é apenas uma entidade criada e controlada pelo Partido Comunista para cortar o vínculo entre os católicos da China e a Santa Sé, mantendo-os todos sob estrita vigilância.
A capela demolida funcionava em instalações provisórias. O sacerdote responsável era o pe. Dong Baolu, que se negou a sujeitar-se à igreja-fantoche do regime de Pequim. A imprensa local noticiou que as autoridades do regime derrubaram as instalações enquanto o sacerdote estava internado para exames médicos. O episódio ocorreu em junho.
De acordo com a agência de notícias Asia News, o pe. Dong se declarou o único entre mais de 100 sacerdotes da diocese de Zhengding a refutar o controle comunista, que, por sua vez, vem se tornando cada vez mais rígido.
Partido Comunista contra a Igreja
O Partido Comunista Chinês endureceu em 2018 as regulamentações sobre atividades religiosas, proibindo os clérigos católicos de exercerem o ministério caso não aderissem à famigerada Associação Católica Patriótica Chinesa. Os que optaram por continuar fiéis à Santa Sé passaram a ser considerados clandestinos e, portanto, perseguidos sistematicamente.
O Vaticano tentou melhorar a situação da Igreja na China mediante um acordo assinado com Pequim. O acordo foi renovado em 2020 e deverá ser novamente renovado em outubro deste ano. Seu conteúdo, porém, nunca foi divulgado ao público. Sabe-se que um dos temas é a nomeação de bispos, que precisa ser submetida à autorização de Pequim.
A situação dos católicos fiéis à Santa Sé, no entanto, nunca melhorou. Pelo contrário, a perseguição do regime comunista se intensificou nos últimos anos, com fiéis e clérigos sendo presos, templos sendo fechados ou demolidos e até a liturgia sofrendo intervenções grotescas do Partido Comunista: há relatos de igrejas em que imagens sacras foram substituídas por fotos e citações do ditador Xi Jinping, por exemplo, ou de ordens para que os padres preguem o comunismo durante as homilias.
No âmbito administrativo, passaram a vigorar em 1º de junho deste ano as novas medidas do governo chinês relativas à gestão financeira dos locais religiosos, o que, na prática, permite ao regime de Pequim controlar receitas e despesas das organizações religiosas - sobretudo os donativos enviados do exterior. Desde 1º de março, também estão em vigor novas regras sobre serviços de informação religiosa na internet, que proíbem a veiculação de cultos religiosos sem prévia permissão das autoridades comunistas.